sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

As 15 famílias mais ricas do Brasil

Revista Forbes divulga a lista das 15 famílias mais ricas do Brasil. Herdeiros de Roberto Marinho (Rede Globo), família Marinho lidera o ranking e faz com que grupos Safra e Votorantim, segundo e terceiro colocados, "comam poeira". Confira a lista completa abaixo.

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Roberto Marinho e seus filhos

O herdeiros do empresário Roberto Marinho, que introduziu o BV (bonificação de valor) nas relações entre as agências de publicidade e a nascente Rede Globo, nos anos 1960, acabam de ser apontados o clã familiar mais rico do Brasil. Não apenas no setor de comunicação, mas entre todos os que formam a economia. Quem garante é a revista Forbes, famosa por suas listas de bilionários em todo o mundo. No ranking divulgado na terça-feira 13 sobre as 15 famílias mais ricas do Brasil, medido a partir da combinação das fortunas pessoais de seus integrantes, os três Marinho – João Roberto, Roberto Irineu e José Roberto Marinho – estão na posição top, à frente das três herdeiras da empreiteira Camargo Corrêa e dos dois irmãos fundadores do banco Safra.

Feitas as contas, a Forbes aponta que os três Marinhos têm para si nada menos que US$ 28,9 bilhões, equivalentes a R$ 64,05 bilhões. Isso mostra que a Rede Globo é não apenas um negócios mais poderosos e influentes do Brasil, mas o que mais dá lucro para seus patrões. Com capital fechado e explorando concessões que, somadas, lhes dão nas mãos um verdadeiro truste, os Marinho deixaram bem para trás os irmão Joseph, Moise e a viúva Lily Safra com um total de US$ 20,1 bilhões. Em terceiro aparece a família Ermírio de Moraes, do conglomerado industrial Votorantim, com US$ 15,4 bilhão.

O topo da lista para os irmão Marinho revela o tamanho da vontade deles em manter, no setor de telecomunicações, o atual estado de coisas. Num amplo cruzamento de propriedades entre concessões de tevês abertas, canais de sinal por assinatura, provedor de internet, jornais e revistas, João Roberto, Roberto Irineu e José Roberto não tem concorrentes do mesmo porte. Apesar da locomotiva de seu comboio, a Rede Globo, perder audiência ano após ano, os Marinho conseguem alcançar lucros cada vez maiores com a ajuda de uma ferramenta introduzida por seu pai nos meios publicitários do Brasil. É o BV, o chamado bônus de valor.

Quanto mais uma agência de publicidade compra em espaço nas emissoras das Organizações Globo, mais as agências são retribuídas pela Globo com a devolução de parte do dinheiro investido. Para muito, um esquema de corrupção dos mais grosseiros. Para outros, algo nada condenável, a ponto de ter se tornado uma prática em boa parte do mercado.

Numa das mais duras críticas sobre a concentração das verbas publicitárias feita até aqui, o ex-presidente Lula lembrou ontem, durante abertura do 2º Encontro Nacional dos Diários do Interior, que a melhor distribuição dos investimentos federais em publicidade estão ajudando a democratizar a informação. Mas ele não deixou de lembrar que o Código Nacional de Telecomunicações é datado de 1962, quando não havia uma emissora de televisão dominante e nem um público tão amplo.

Preocupações como impedir a ocorrência de um oligopólio no setor não existiam. “Naquele tempo, o Brasil não tinham televisores, tinha televizinhos, como diz o Franklin Martins”, comparou Lula, chamando a atenção para o envelhecimento da legislação. O certo é que enquanto as regras continuarem as mesmas, a concentração global tende somente a crescer – em poder de influência e dinheiro.

Abaixo, o ranking da Forbes americana:

1. Marinho – 3 brothers, all billionaires (Roberto Irineu Marinho, Joao Robero Marinho, Jose Roberto Marinho). Combined net worth: $28.9 billion. Source of wealth: media.

2. Safra – 3 relatives, all billionaires (Joseph Safra, Moise Safra, Lily Safra). Combined net worth: $20.1 billion. Source of wealth: banking.

3. Ermirio de Moraes – 6 relatives, all billionaires (Antonio Ermirio de Moraes, Ermirio Pereira de Moraes, Maria Helena Moraes Scripilliti, Jose Roberto Ermirio de Moraes, Jose Ermirio de Moraes Neto and Neide Helena de Moraes). Combined net worth: $15.4 billion. Source of wealth: conglomerate Votorantim.

4. Moreira Salles – 4 brothers, all billionaires (Fernando Roberto Moreira Salles, Joao Moreira Salles, Pedro Moreira Salles and Walther Moreira Salles Junior). Combined net worth: $12.4 billion. Source of wealth: banking.

5. Camargo – 3 sisters, all billionaires (Rossana Camargo de Arruda Botelho, Renata de Camargo Nascimento and Regina de Camargo Pires Oliveira Dias). Combined net worth: $8 billion. Source of wealth: conglomerate Camargo Correa.

6. Villela – 5 relatives, 2 billionaires (Alfredo Egydio de Arruda Villela Filho and Ana Lucia de Mattos Barretto Villela). Combined net worth: $5 billion. Source of wealth: Itausa.

7. Maggi – 5 relatives, 4 billionaires (Lucia Borges Maggi, Blairo Borges Maggi, Marli Maggi Pissollo, Itamar Locks and Hugo de Carvalho Ribeiro). Combined net worth: $4.9 billion. Source of wealth: soybeans.

8. Aguiar – 3 sisters, all billionaires (Lina Maria Aguiar, Lia Maria Aguiarand Maria Angela Aguiar Bellizia). Combined net worth: $4.5 billion. Source of wealth: banking.

9. Batista – 10 relatives, no individual billionaires. Combined net worth of wealth: $4.3 billion. Source: beef processing.

10. Odebrecht – 15 relatives, no individual billionaires. Combined net worth:$3.9 billion. Source: diversified.

11. Civita – 3 siblings, all billionaires (Giancarlo Francesco Civita, Anamaria Roberta Civita and Victor Civita Neto). Combined net worth: $3.3 billion. Source of wealth: media.

12. Setubal – 25 relatives, no individual billionaires. Combined net worth:$3.3 billion. Source of wealth: banking.

13. Igel – 7 relatives, one billionaire (Daisy Igel). Combined net worth: $3.2 billion. Source of wealth: gas, petrochemicals.

14. Marcondes Penido – 2 sisters, 1 billionaire (Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna). Combined net worth: $2.8 billion. Source of wealth: toll roads.

15. Feffer – 5 siblings, no individual billionaires. Combined net worth: $2.3 billion. Source of wealth: pulp and paper.

com Forbes e Brasil247


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Carta de um escritor da Guiné Equatorial aos cariocas



A propósito do patrocínio da ditadura africana à escola de samba Beija-Flor no desfile do Carnaval do Rio de Janeiro.

Por Juan Tomás Ávila


Queridos cariocas:

Lemos através de certo meio de informação do Sudão do Sul que o ditador-presidente da Guiné Equatorial fez uma doação de USD 3,5 milhões a uma associação carnavalesca da vossa cidade, em concreto, à da Beija-Flor. Uma doação tão oportuna que a afortunada associação carnavalesca arrecadou o primeiro prémio.

Como engenheiro em letras que somos, os números representados não davam muita informação e resolvemos traduzi-los a francos CFA, a unidade monetária vigente no país que o mencionado ditador controla totalmente desde 3 de Agosto de 1979. Num câmbio rápido, USD 3.500.000×575=2.012.500.000 Francos CFA. Uma quantidade que, por agora, e como mostra do escândalo, superior ao que gastou o mesmo nos últimos dez anos no ensino médio e superior do seu país, que por coincidência é o mesmo dos equato-guineenses.

Como sabemos que em dez longos anos o sátrapa guineense não gastou essa quantidade no ensino médio e superior do seu país se não temos dados?

Porque no seu país apesar do medo aos números, para este caso não são precisos dados. Conhecemos o estado das escolas do país, sabemos que as bibliotecas da sua única universidade carecem de fundos bibliográficos e vimos como todas têm até falta de lâmpadas, que no seu país custam um dólar cada, tão somente um, e não cremos que seja barato, apenas acessível.

Das escolas primárias da Guiné Equatorial não falaremos porque, sinceramente, o aluvião de lágrimas que inundariam os nossos olhos nos impediriam de continuar a escrever.

Para que percebam que este lamento não é novo, vejam este link.

E que coincidência impressionante que o clamor tenha aparecido, há bastantes meses, em torno do nome de um filho predilecto do Brasil.

Se nesse artigo mencionamos o gosto doentio que todos os membros da família Obiang têm por rabos, entenderão os cariocas que há um intento escondido de debilitar a vossa muito colorida cultura, reduzindo-a a uma mostra de nalgas que põe em pé os abastados do mundo inteiro e aviva as paixões apagadas do mundo puritano. Não vamos fazê-lo.

Porém, temos de dizer duas coisas para que tenham ideia do furor que causa este acontecimento no corpo político do país: se o ditador-em-chefe tivesse dado uma quinta parte desse dinheiro a qualquer associação já teria sido um desperdício enorme. Saibam que aos jogos carnavalescos robustecidos pelo dinheiro guineense acudiu uma delegação de 30 membros, todos eles altos funcionários que não estavam de férias, encabeçada pelo segundo vice-presidente, a pessoa que, hoje, e por ser o filho mimado do casal governante, tem mais papéis para lhe suceder e assim perpetuar as desgraças que nos assaltam, sendo nós apenas uns 900 mil habitantes.

Então, não é a obsessão doentia que faz mover o ditador guineense, o que o faz mover é o espírito do mecenato de que fica possuído cada vez que vislumbra a possibilidade de ajudar os negros espalhados pelo mundo, esses negros que sofrem a pobreza e a opressão do mundo colonial, branco, racista e xenófobo. Houve aqui algum interesse em destacar o país onde lemos a notícia? Porque qualquer alma mais ingénua acreditaria que a entrega de um décimo do que a Guiné Equatorial gastou em danças seria suficiente para salvar centenas de vidas no maltratado Sudão do Sul, um país que também é de negros.

Francamente, cariocas, são as múltiplas necessidades das pessoas mais próximas de Obiang que fazem com que o facto de terem aceitado este patrocínio implica que para sempre tenham o vosso nome ligado a esta demência.

México DF, 19 de Fevereiro de 2015.

(Tradução de António Rodrigues)
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Juan Tomás Ávila vive actualmente exilado no México, depois de ter vivido em Espanha. Por delito de pensamento não pode viver livremente no seu país, a Guiné Equatorial, onde o presidente Teodor Obiang é ditador desde 1979. A Guiné Equatorial é uma antiga colónia espanhola na África Ocidental que se tornou independente em 1968 e desde então só conheceu dois presidentes: Francisco Nguema, um ditador que mandou matar milhares de opositores, e Teodor Obiang Nguema, o seu sobrinho, que o derrubou e matou.



Fonte: Rede Angola