sábado, 17 de agosto de 2013

Fotos da Repressao Sangrenta no Egito


No Cairo na manhã desta quarta-feira (14/08/13), as forças de segurança do Egito agiram contra as multidões que, apoiadas pela Irmandade Muçulmana, foram protestar contra o golpe militar que afastou o presidente Mohamed Morsi do poder. O curso dos acontecimentos ainda é contestado, mas muitas pessoas estão mortas, com relatos terríveis de um necrotério improvisado e pessoas feridas na mesquita de Raba’a al-Adawiya. A Rede Al Jazeera reporta que há pelo menos dois jornalistas entre os mortos, que apenas hoje passam de 150, mais de 300 no total desde julho, Há também relatos de igrejas em chamas. Abaixo  fotografias feitas neste violento dia. [Fonte: newyorker]
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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Discurso de Evo Morales Enquadrando as Potências Europeias




Presidente boliviano intima Chefes de Estado europeus a quitarem a dívida estratosférica que a Europa possui com a América Latina.

Com linguagem simples, que era transmitida em tradução simultânea a mais de uma centena de Chefes de Estado e dignitários da Comunidade Europeia, o Presidente Evo Morales conseguiu inquietar sua audiência quando disse:

"Aqui eu, Evo Morales, vim encontrar aqueles que participam da reunião.

Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos.

Aqui pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o bastante. Nunca pretendemos outra coisa.

O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei a vender-me.

O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga com bens ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamentos e também posso reclamar juros. Consta no Archivo de Indias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Saque? Não acredito! Porque seria pensar que os irmãos cristãos pecaram em seu Sétimo Mandamento.

Expoliação? Guarde-me Tanatzin de que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão!

Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomé de las Casas, que qualificam o encontro como de destruição das Índias, ou a radicais como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o avanço do capitalismo e da atual civilização europeia se deve à inundação de metais preciosos!

Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinado ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só de exigir a devolução imediata, mas também a indenização pelas destruições e prejuízos. NãoEu, Evo Morales, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses.

Tão fabulosa exportação de capitais não foram mais que o início de um plano ‘MARSHALLTESUMA’, para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outras conquistas da civilização.

Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, poderemos perguntar-nos: Os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indo-americano Internacional?Lastimamos dizer que não. Estrategicamente, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, mas sem canal. Financeiramente, têm sido incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus fundos, quanto de tornarem-se independentes das rendas líquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo. Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados, mais o módico juros fixo de 10 por cento, acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja expressão total, seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.

Muito pesados são esses blocos de ouro e prata. Quanto pesariam, calculados em sangue?
Alegar que a Europa, em meio milênio, não pode gerar riquezas suficientes para cancelar esse módico juro, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demencial irracionalidade das bases do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam os indo-americanos. Mas exigimos sim a assinatura de uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir seus compromissos mediante uma privatização ou reconversão da Europa, que permita que a nos entregue inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica."

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Os zapatistas abrem sua Escuelita global




Crônica da Chiapas — onde EZLN abre, para 1700 “alunos” de todo planeta, primeira vivência em práticas de liberdade e autonomia

Por Marta Molina, de Chiapas | Tradução: Bruna Bernacchio

Depois de três dias de festa nos cinco Caracóis zapatistas pelo 10º aniversário das Juntas de Bom Governo (JBG) já está tudo pronto para a tão esperada Escuelita da Liberdade, que começou hoje (12/8) simultaneamente em La Realidad, Oventic, Morelia, La Garrucha, Roberto Barrios, assim como no Centro Indígena de Capacitação Integral (Cideci) em San Cristóbal de Las Casas.

Mais de 1700 alunos vieram do mundo todo para participar da primeira turma desta escola autônoma zapatista, entre os dias 12 e 16 de agosto. Ninguém sabe exatamente como vai ser, mas sabem  que vão aprender a escutar o que os povos originários de Chiapas têm a dizer. Vão conviver com eles e participar de seu cotidiano.

Desde cedo, na manhã do 10 de agosto começaram a chegar ao Cideci alguns dos convidados à Escuelita. Todos deviam chegar a esse espaço para saber o lugar onde terão as aulas durantes os próximos cinco dias. Alguns decidiram ir ao Caracol correspondente a pé mesmo e cederam, aos que chegariam mais tarde, espaço nos ônibus de traslado.
No dia 11, apareceram rios de gente com suas mochilas pesadas, caminhando pela trilha de chão batido que chega ao Cideci para confirmar sua inscrição. Deviam ter seu número de confirmação de registro e uma identificação em mãos. Vários grupos de apoio ajudaram a agilizar as inscrições e a organizar os alunos em filas segundo o Caracol a que iriam viajar.
Antes das 11 da manhã, duas caminhonetes com o letreiro “Maestr@s da Escolinha Zapatista” chegaram, com parte do comando do Exército Zapatista de Liberação Naciona (EZLN) a bordo – Tacho, David, Felipe, Zebedeo, Bulmaro, Ismael, Miriam, Susana, Hortensia e Yolando, entre outros. Coordenaram a saída dos mais de 45 veículos entre caminhonetes com caçambas, kombis – todas identificadas com o município autônomo zapatista ao qual pertencem – e um School Bus amarelo estacionados na entrada do Cideci, ali onde começa o caminho velho a San Juan Chamula.
A maioria dos alunos chega sem uma expectativa concreta, “para ver o que encontram o como será”; mas vêm, sim, dispostos a escutar, aprender e trabalhar muito. Se respira emoção e impaciência entre os que estão já estão para sair. Muitos deles nunca estiveram em uma comunidade indígena ou em um Caracol zapatista, como Federico Gómez do movimento “Más de 131” que começou a se aproximar do zapatismo faz aproximadamente um ano. De seu coletivo, chegaram mais 20 pessoas à Escuelita.
Krisna é trabalhador sexual transgênero e vem da Cidade do México. Comenta que lhe interessa conhecer as funções de homens e mulheres na luta zapatista. “Venho aprender mais. Nada melhor que os companheiros, que nos presentearem seu tempo para ensinar. Vai ser tudo horizontal, com muito respeito e dignidade, e vamos esperar que eles nos compartilhem seus processos de autonomia”.
Don Pablo González Casanova, recém inscrito na Escolinha.
[Foto: Moysés Zúñiga Santiago]
Entre os alunos, além de mexicanos e mexicanas de quase todos os estados, há gente de todas as partes do mundo, mas sobretudo da Europa e Américas — do Sul, Central, do Norte. Gente que não está articulada com nenhum coletivo, coletivos que acabam de nascer e estão em pleno processo de formação, grupos e movimentos aderentes à “Sexta Declaração da Selva Lacandona” e intelectuais que acompanham a luta zapatista desde seus inícios. Entre esses rostos conhecidos, chegaram Jean Robert, Gustavo Esteva e Pablo González Casanova que figuram, junto com outros, entre “os convidados especiais que estarão isentos de qualificações” porque, como expressou o Subcomandante Marcos em um de seus últimos comunicados. “Entendem bem o que é a liberdade segundo os zapatistas”, mas devem estar presentes neste momento tão importante que caminha “até um só destino, que também é delas e deles”.
Também chegaram às terras sagradas da alegre rebeldia músicos que apoiam o zapatismo desde sempre como o Mastuerzo e Rocko Pachukote. Participaram do espetáculo inaugural da Escuelita que começou às 9h da manhã e terminou às 9h da noite e foi transmitido ao vivo na internet pelo coletivo Koman Ilel.
Moyenei Valdés, cantora e artista digital, chilena, participará 
da primeira Escolinha Zapatista.
“Onde podemos encontrar uma escolinha que dê gratuitamente transporte, hospedagem, alimentação, livros de texto, materiais e onde, ao mesmo tempo, haja um professor por cada aluno, 24h por dia contigo durante o curso?”, comenta Rocko em entrevista com a Rede de Mídias Livres de Chiapas em uma das cabanas de sapé do Cideci. Segundo ele, a essência da escola é ensinar e aprender como ser seres humanos melhores. Vê tudo isso como uma sábia iniciativa que vem de Votán Zapata nesses momentos em que, em todo os mundos, os movimentos estudantis são parte fundamental da transformação das sociedades. No Chile, México, em toda a América Latina, os estudantes estão questionando o que é educação e que educação estão dando a eles. “Nos educam para trabalhar em suas transnacionais para seus projetos destruidores ou a educação pode ser para sermos melhores seres humanos?”, pergunta-se o roqueiro e ativista mexicano que, apesar de ser convidado a essa primeiro edição da escolinha, assistirá à segunda edição.
Às três da tarde, depois de horas debaixo de um intenso sol, começaram a desfilar as primeiras caminhonetes e kombis em direção a La Realidad, município da Las Margaritas, um dos Caracóis mais afastados de San Cristóbal de Las Casas. Na fila, encontramos Luiz Antônio Guerra que veio de Goiás, Brasil, e participa do Movimento Passe Livre: “venho aprender sobre liberdade e sabedoria dos companheiros zapatistas”.
Os Comandantes Tacho e David coordenaram a saída dos alunos da Escolinha Zapatista 
até os Caracóis. [Foto: Moysés Zúniga Santiago.]
“Vão a La Realidad? Podem deixar aqui as mochilas. Carreguem só o que vão beber no caminho”, comenta do comandante Davi com um rádio nas mãos. “Mochilas aqui, alunos ali”, indica uma comandante que organiza sem parar, junto com Tacho e Davi, para que a saída seja fluida e organizada.
O resto dos alunos e alunas espera a partida paciente, sentados no jardim do Cideci, enquanto tocam violão e cantam canções alegres. Começa a convivência do que talvez, nos próximos dias, plante a semente de uma possível rede de redes de movimentos, tão necessária no contexto do México e do mundo atual — rasgado de dor e esquecimento, mas cheio de esperança com novos movimentos estudantis, de meios independentes, em defesa do território e de outras resistências rurais e urbanas que entendem a construção de autonomia como um caminho para construir um mundo onde cabem muitos mundos possíveis.
Enquanto isso, os fotógrafos da mídia comercial, aos quais não foi permitido tirar fotos durante as festas do 10º aniversário nos Caracóis, pulavam contentes, compensando seu desejo de captar imagens dos companheiros e companheiras zapatistas encapuzados. Tentavam identificar os e as comandantes debaixo de seus gorros pretos. Faziam perguntas que nunca seriam respondidas e que só os desviavam da tarefa que lhes foi encomendada: organizar a saída da Escuelita.
O comandante Tacho resolve as dúvidas logísticas dos alunos da Escolinha.
[Foto: Moysés Zúñiga Santiago]
Recordamos com um grupo de cinco alunos, que esperam sua vez para sair, as palavras do subcomandante Moisés, no comunicado do 17 de março de 2013, que anunciou os primeiros detalhes da Escuelita zapatista:
Você compareceria a uma “Escuelita”  onde as professsoras e professores são indígenas, cuja língua materna está rotulada como “dialeto”?
Conteria a vontade de estudá-l@s como objeto de antropologia, da psicologia, do direito, do esoterismo, da historiagrafia, de fazer uma reportagem, de lhes fazer uma entrevista, de dizer-lhes sua opinião, de dar-lhes conselhos e ordens?
Poderia vê-l@s, ou seja, escutá-l@s?
Ao menos esses dez alunos estão dispostos a escutar, aprender e viver a experiência sem a necessidade de tirar fotos nem fazer entrevistas. Perguntaremos a eles em cinco dias, quando regressarem da primeira turma da Escuelita, que já tem várias outras programadas, devido à alta procura. A próxima, entre 3 e 7 de janeiro de 2014, logo depois da celebração dos vinte anos do levantamento zapatista.
A las 9 de la noche salían los últimos grupos de estudiantes rumbo a su Caracol con sus cuadernos de texto de primer grado del curso “La libertad según los Zapatistas” y dos discos compactos. Pero para esta primera edición, también habrá videoescuelita con retransmisiones en directo a las 14h y a las 21h para quienes se hayan registrado a través del e-mail video@ezln.org.mx. En varios lugares del mundo colectivos que no pudieron llegar físicamente a México ya están organizando su Escuelita virtual que empieza hoy a las 2 de la tarde.
Às 9 da noite saíam os últimos grupos de estudantes rumo a seu Caracol, com seus cadernos de texto de primeiro ano do curso “A liberdade segundo os Zapatistas” e dois discos. Mas para essa primeira edição, também haverá videoescola com transmissões ao vivo das 14h às 21h, para quem se registrou através do e-mail video@ezln.org.mx. Em vários lugares do mundo coletivos que não puderam chegar fisicamente ao México já estão organizando sua Escuelita virtual que começou ontem às 2h da tarde.