sábado, 28 de janeiro de 2012

Stédile diz que Rio+20 vai ser ‘teatrinho governamental’

Por Luana Lourenço


Porto Alegre – O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse nesta quarta-feira 25 que a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho, no Rio de Janeiro, poderá até ser representativa e reunir chefes de Estado, mas será apenas um “teatrinho governamental”, sem efeitos sobre o atual modelo de desenvolvimento capitalista.

O líder do MST João Pedro Stedile. Foto: Mauricio Lima/AFP
Stédile participa das atividades do Fórum Social Temático (FST), uma prévia da Cúpula dos Povos, reunião de movimentos sociais que acontecerá paralelamente à Rio+20.
O problema, segundo o líder do MST, é que os fóruns internacionais, como a Organização da Nações Unidas (ONU), não conseguem se impor ao movimento do capital, comandado pelas grandes corporações transnacionais e pelo capital financeiro. Nesse contexto, por mais que os governos nacionais se esforcem em propor novos modelos, as mudanças mais significativas são barradas pelo capital.
“Desde a década de 1990, quando o capitalismo se internacionalizou, a força do capital tem se revelado maior que a força dos governos. A situação esdrúxula é que os governos promovem reuniões, seja o G20, sejam as conferências da ONU e depois os capitalistas não respeitam. A Rio+20 pode até ter uma grande representatividade de presidentes, da presença de todos os países do mundo, mas no fundo vai ser um grande teatrinho governamental, porque os presidentes se reúnem, podem fazer bons discursos e acordos formais, mas que não terão ingerência sobre a ação que o capital vem fazendo sobre os recursos naturais”, avaliou, em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional da Amazônia.
Em contraponto à Rio+20, a sociedade civil está organizando a Cúpula dos Povos, para tentar viabilizar propostas alternativas que não terão repercussão na reunião formal, segundo Stédile. “Nessa cúpula, tentaremos construir pautas, agendas e ações de massa comuns para conseguirmos levantar uma barreira a essa sanha insana dos grandes capitalistas representados pelas empresas transnacionais que está provocando desastres”, adiantou.
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O líder do MST ainda criticou o conceito de economia verde, que será o foco das discussões da Rio+20. Para Stédile, a ideia é “até simpática”, mas não tem efetividade diante da força do capital financeiro, e acaba servindo de maquiagem verde para o modelo tradicional de exploração dos recursos naturais e de distribuição das riquezas.
“Os capitalistas mais espertos e que não atuam no polo de especulação do capital financeiro sacaram que podem dar um tom de maior sustentabilidade prometendo que não vão agredir o meio ambiente para parecer simpáticos à população, que então vão consumir mais e eles vão ter lucro maior. Mas quem manda são os grandes bancos, transnacionais, as petroquímicas”, apontou.
Radical, Stédile disse que a saída para evitar uma crise ambiental e mudar a rota do desenvolvimento para um caminho mais sustentável é a estatização do sistema financeiro em todo mundo, o que, segundo ele, daria aos governos a possibilidade de financiar um padrão de crescimento menos intensivo no uso dos recursos naturais.
“Os governos nacionais têm que controlar seus bancos para que, em vez de financiar investimentos que agridem ao meio ambiente, financiem outros tipos de investimentos produtivos, uma reconversão da economia de seus países.”

Acompanhe a cobertura completa do FST no site multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os Deolinda, lusofônico com certeza!


Os Deolinda é a mais nova sensação da Península Ibérica e devido a massificação importada das músicas de língua inglesa, deixamos de conhecer música de língua portuguesa aqui do Brasil e ainda mais músicas de Portugal, Galícia e países luso-africanos.

A música "Movimento Perpétuo Associativo" embalou e embala os protestos das massas populares portuguesas.
Vale escutar Os Deolinda sem preconceitos com os portugas. São dois álbuns Canção Ao Lado (2008) e Dois Selo e Um Carimbo (2010).


Viva a Lusofonia!



Os Deolinda
por Antonio Pires

Há uma longa série de clichés associados ao fado. Por exemplo, o fado tem que ter guitarra portuguesa. Os Deolinda não usam guitarra portuguesa. Ou, o fado tem que ser sisudo, sério, compenetrado, fatalista e triste. Os Deolinda não são nada disso. Ou ainda, o fado não pode ser dançado. E dança-se com os Deolinda. Ou, para terminar, a fadista tem que vestir de preto, como se estivesse no seu próprio funeral. Ana Bacalhau, a voz dos Deolinda (a Deolinda, ela própria?), veste roupas garridas, alegres, coloridas.

Mas os Deolinda são... fado, apesar disso tudo, e são muito mais que fado, por causa disso tudo e de tudo o mais que a sua música contém. Uma música que vai à música popular portuguesa - um universo que aqui abarca José Afonso e António Variações, Sérgio Godinho, Madredeus e os «muito mais que fadistas» Amália Rodrigues e Alfredo Marceneiro - e vai ainda à rembetika grega, à música ranchera mexicana, ao samba, à música havaiana, ao jazz e à pop, numa confluência original e rara de músicas-irmãs ou primas umas das outras e que, nos Deolinda, fazem todo o sentido.

Nos Deolinda, a música e as letras (geralmente de um humor fino, mordaz, por vezes absurdo, de outras surrealista, mas também capazes de fazer lembrar a pena de José Afonso, como em «Clandestino») são, em todas as canções, de Pedro da Silva Martins, guitarrista do grupo que, juntamente com o irmão - e igualmente guitarrista dos Deolinda - Luís José Martins, tinha antes feito parte dos Bicho de 7 Cabeças. Há dois anos, convidaram a prima Ana Bacalhau, então vocalista dos Lupanar, a cantar algumas das primeiras canções compostas para um novo projecto, ainda sem nome. E foi com ela - e com o contrabaixista Zé Pedro Leitão, também dos Lupanar, que se juntou ao projecto logo de seguida - que o conceito Deolinda começou a tomar forma. Um conceito que, com o desmembramento das duas bandas anteriores (Lupanar e Bicho de 7 Cabeças) nesse ano de 2006 e a vontade dos quatro em abraçar um projecto novo e original, cristalizou nos Deolinda.

Dois anos - e vários concertos memoráveis depois -, os Deolinda lançam agora o seu álbum de estreia, «Canção ao Lado», com catorze temas originais gravados pelos quatro nos estúdios Valentim de Carvalho, em Paço de Arcos, com produção do grupo e de Nélson Carvalho. No álbum participam ainda o percussionista João Lobo (pandeiro em «Garçonete da Casa de Fado») e muitos amigos dos Deolinda - Mitó Mendes (A Naifa), Norberto Lobo (Norman/Munchen), Mariana Ricardo (ex-Pinhead Society/Munchen), Joana Sá (também ex-Pinhead Society, agora nos Power Trio, ao lado de Luís José Martins), Gonçalo Tocha, Didio Pestana (ambos ex-Lupanar), Artur Serra e Carlos Penedo (ambos ex-Bicho de 7 Cabeças), entre outros - nos coros de «Movimento Perpétuo Associativo» e «Garçonete da Casa de Fado». Um grupo de amigos que se estende ao autor de banda-desenhada João Fazenda, que ilustrou o disco, e a Catherine Villeret e (mais uma vez) Gonçalo Tocha, que realizaram o divertidíssimo e surreal teledisco de «Fado Toninho», o primeiro single retirado de «Canção ao Lado».

O álbum «Canção ao Lado» é editado dia 21 de Abril, numa parceria da Sons em Trânsito com a iPlay.

Os Deolinda são:
Ana Bacalhau (voz)
Pedro da Silva Martins (composição, textos, guitarra clássica e voz)
Zé Pedro Leitão (contrabaixo e voz)
Luís José Martins (guitarra clássica, ukelele, cavaco, guitalele, viola braguesa e voz)



Movimento Perpétuo Associativo:


Um Contra O Outro:


Fon Fon Fon


O Fado Não É Mau:

Mal Por Mal:

Parva Que Sou:

Campanha de Jamie Oliver faz McDonald’s mudar receita de hambúrguer

O chef e apresentador Jamie Oliver acaba de ganhar uma batalha contra uma das maiores redes de fast food do mundo. Depois que Oliver mostrou o modo como os hambúrgueres do McDonald’s são produzidos, a rede anunciou que irá mudar sua receita. Segundo Oliver, as partes mais gordurosas da carne de boi são “lavadas” em hidróxido de amônia e usadas no recheio do hambúrguer. Antes desse processo, segundo o apresentador, o alimento é considerado impróprio para consumo humano.
O cozinheiro e apresentador Jamie Oliver, que empreende guerra contra indústria de fast food
“Basicamente, estamos pegando um produto que seria vendido da maneira mais barata para os cachorros e, depois desse processo, dando para seres humanos”, disse ao portal britânico Daily Mail Online. Além da baixa qualidade da carne, o hidróxido de amônia é prejudicial à saúde. Oliver denominou o processo de lodo rosa.
“Por que qualquer ser humano sensato colocaria carne com amônio na boca de suas crianças?”, questionou o chef, que empreende uma guerra contra a indústria de alimentos fast food. Em uma de sua iniciativas, Oliver demonstra para crianças como são feitos os nuggets. Depois de selecionar as partes mais nobres do frango, os restos (gordura, pele e interiores) são processados e fritos.
A empresa Arcos Dourados, gerente da rede na América Latina, afirmou que esse tipo de processo não é praticado na região. O mesmo ocorre com o produto da Irlanda e Reino Unido, que utiliza carne de fornecedores locais. Nos Estados Unidos, Burguer King e Taco Bell já haviam suspendido o uso de amônia em seus produtos.
Leia mais:


No site oficial no Mc Donald’s, a empresa afirma que sua carne é barata porque, ao servir muitas pessoas todo dia, são capazes de comprar de seus fornecedores por um preço menor, e oferecer os produtos de melhor qualidade. Além disso, a rede negou que decisão de mudar a receita esteja relacionada com a campanha de Jamie Oliver. No site, o McDonald’s esclarece que sua carne, apesar de todos os mitos que dizem o contrário, é verdadeira.
Abaixo, Jamie Oliver mostra (em inglês) como são produzidos os hambúrgueres e nuggets da indústria de fast food:
Fonte: www.cartacapital.com.br

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Os movimentos sociais e a crise do Capital

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Por Pedro Carrano


 O Fórum Social Temático teve início no dia 24 de janeiro, em Porto Alegre e nas cidades do entorno da capital gaúcha. Entre diferentes atividades, o primeiro dia de debates ficou marcado pela visão das organizações sociais a respeito da crise estrutural do capitalismo.
A mesa "Hacia um nuevo periodo historico", coordenada pelo sociólogo venezuelano Edgardo Lander, iniciou com a provocação a diferentes dirigentes de organizações internacionais sobre os seguintes eixos temáticos: o tema da desigualdade, da crise ambiental e do impasse da democracia no atual cenário político. Houve bastante confluência entre as análises feitas pelos conferencistas.

Lander também argumentou que hoje no mundo há mais de 1000 bases militares pertencentes aos EUA, além de uma hegemonia do capital financeiro, que impõe seu programa, por meio das agências de risco. Esse domínio passa a desmontar o Estado de Bem-Estar Social. Para Lander, é necessário "confluir movimentos que surgiram anteriormente e os novos movimentos"
260112_crisecapital13João Pedro Stedile, pela Via Campesina Internacional, afirmou que o poder do Capital financeiro hoje é superior à capacidade de intervenção dos Estados nacionais. O que se demonstra com o dado de que 150 trilhões de dólares circulam hoje no mundo com o lastro de apenas 55 trilhões de dólares baseado na produção real.
No olhar da Via Campesina, a crise é estrutural, a exemplo do que foi visto no final do século 19 e também no período entre guerras mundiais, no século vinte. O agravante, ressalta Stédile, é o fato de a crise ser mundializada, alcançar uma população hoje vivendo nas metrópoles, tendo conseqüências também na alimentação e no meio ambiente. As transnacionais e o capital financeiro buscam, atualmente, lançar-se sobre os recursos naturais para garantir altas taxas de lucro – um lucro extraordinário, obtido a partir de um preço superior ao valor de bens da natureza, que são finitos. Transnacionais, capital financeiro e os meios corporativos, na avaliação de Stédile, são os principais inimigos a ser derrotados.
Gustave Massiah, representante do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, enxerga os atuais movimentos de resistência que ocorrem hoje, sobretudo ao Norte da África, como um segundo processo de descolonização, situação que ocorre fora do eixo dos países centrais e dos países emergentes.
Descolonização
Massiah também definiu que a luta mundial contra o neoliberalismo está em sua quarta etapa. A primeira aconteceu contra a imposição do pagamento da dívida pública nos países periféricos, nos anos 1980. Na década seguinte (1990), de acordo com ele, foi a vez da luta contra o desemprego e contra os efeitos do Livre-Comércio. Uma terceira fase da luta foi aberta com o Fórum Social Mundial (FSM), nos anos 2000; a quarta fase aberta com o estopim na Tunísia e os movimentos que se vem desenvolvendo desde então.
"Em 2001, se começou a se nominar o Capital Financeiro e suas consequências, mostrou-se que as desigualdades chegaram a um nível insuportável, traduzido na ideia de 1% e 99% (...) Não há espaço na sociedade do Capital Financeiro", afirma.
Ditaduras apoiadas pelo Ocidente
260112_crisecapital15O marroquino Hamouda Sorbbi comentou sobre as mobilizações populares que ocorreram ao Norte da África e na região denominada como Maghreb, envolvendo países como Marrocos, Tunísia, Egito e Argélia, que viviam "ditaduras apoiadas pelo Ocidente", nomeia.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Sorbbi comentou que existe uma articulação entre organizações na região norte da África, que permite visualizar a região como um todo, para além das fronteiras nacionais, e aponta que as lutas existem há décadas na região. As lutas no seu país, Marrocos, remontam à década de 1980.
Ao contrário do Marrocos, Egito e Tunísia, na avaliação do ativista, foram países onde trabalhadores com maior nível econômico sofreram impactos da crise, o que permitiu mobilizações mais explosivas, o que não aconteceu no Marrocos.
Participaram ainda do debate a australiana Nicola Bullard, falando sobre os mecanismos que não resolvem o problema ambiental, caso da economia verde – além de um integrante do movimento "Ocupe London".
Assembleia dos Movimentos Sociais
Um dos momentos para aprofundamento da perspectiva dos movimentos sociais sobre a crise e, ao mesmo tempo, para apresentar as propostas de lutas comuns, será organizado no dia 28 de janeiro, durante a "assembleia dos movimentos sociais", que deve reunir os movimentos brasileiros atuantes na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), passando por organizações internacionais e também aquelas no campo da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba). Esse processo buscar pautar a Rio+20 por meio da Cúpula dos Povos, que acontecerá paralelamente ao evento oficial, em junho de 2012. Mais que isso, pretende organizar um calendário comum de ações.


Fonte: www.diariodaliberdade.org

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

REFLEXÕES DE FIDEL CASTRO: A fruta que não caiu




CUBA se viu forçada a lutar por sua existência frente a uma potência expansionista, situada a poucas milhas de suas costas, que proclamava a anexação de nossa ilha, cujo único destino era cair em seu seio como fruta madura. Estávamos condenados a não existir como nação.
Na gloriosa legião de patriotas que durante a segunda metade do século 19 lutou contra o repugnante colonialismo imposto pela Espanha ao longo de 300 anos, José Martí foi quem com mais clareza percebeu tão dramático destino. Assim fez constar nas últimas linhas que escreveu quando, às vésperas do duro combate previsto contra uma aguerrida e bem apetrechada coluna espanhola, declarou que o objetivo fundamental de suas lutas era: "… impedir a tempo, com a independência de Cuba, que os Estados Unidos se estendam pelas Antilhas e caiam, com mais essa força, sobre nossas terras da América. Tudo quanto fiz até hoje, e farei, é para isso."
Sem compreender esta profunda verdade, hoje não se poderia ser nem patriota, nem revolucionário.
Os meios de informação massiva, o monopólio de muitos recursos técnicos, e os enormes fundos destinados a enganar e embrutecer as massas, constituem, sem dúvida, obstáculos consideráveis, mas não invencíveis.
Cuba demonstrou que — a partir de sua condição de fábrica colonial ianque, unida ao analfabetismo e à pobreza generalizada de seu povo — era possível enfrentar o país que ameaçava com a absorção definitiva da nação cubana. Ninguém pode sequer afirmar que existia uma burguesia nacional oposta ao império, tão próxima a ele se desenvolveu que inclusive pouco depois do triunfo enviou 14 mil crianças sem proteção alguma aos Estados Unidos, embora tal ação estivesse associada à pérfida mentira de que seria suprimido o pátrio poder, que a história registrou como operação Peter Pan e foi qualificada como a maior manobra de manipulação de crianças com fins políticos de que se tem notícia no hemisfério ocidental.
O território nacional foi invadido, apenas dois anos depois do triunfo revolucionário, por forças mercenárias — integradas por antigos soldados batistianos e filhos de latifundiários e burgueses — armadas e escoltadas pelos Estados Unidos com barcos de sua frota naval, incluídos porta-aviões com tripulações prontas para entrar em ação, que acompanharam os invasores até nossa ilha. A derrota e a captura da quase totalidade dos mercenários, em menos de 72 horas, e a destruição de seus aviões que operavam a partir de bases na Nicarágua e seus meios de transporte naval, constituiu uma derrota humilhante para o império e seus aliados latino-americanos que subestimaram a capacidade de luta do povo cubano.
A URSS frente à interrupção do fornecimento de petróleo por parte dos Estados Unidos, a ulterior suspensão total da cota histórica de açúcar no mercado desse país, e a proibição do comércio criado ao longo de mais de cem anos, respondeu a cada uma dessas medidas fornecendo combustível, adquirindo nosso açúcar, comerciando com nosso país e, finalmente, fornecendo as armas que Cuba não podia adquirir em outros mercados.
A ideia de uma campanha sistemática de ataques piratas organizados pela CIA, as sabotagens e as ações militares de bandos criados e armados por ele, antes e depois do ataque mercenário, que culminariam em uma invasão militar dos Estados Unidos em Cuba, deram origem aos acontecimentos que levaram o mundo à beira de uma guerra nuclear total, da qual nenhuma de suas partes e nem a própria humanidade teria podido sobreviver.
Aqueles acontecimentos, sem dúvida, custaram o cargo a Nikita Kruchov, que subestimou o adversário, desconsiderou critérios que lhe foram informados e não nos consultou para sua decisão final, a nós que estávamos na primeira linha. O que podia ser uma importante vitória moral se converteu assim em um custoso revés político para a URSS. Durante muitos anos, as piores malfeitorias continuaram sendo realizadas contra Cuba e não poucas, como o criminoso bloqueio, são cometidas ainda.
Kruchov teve gestos extraordinários com nosso país. Naquela ocasião, critiquei sem vacilação o acordo inconsulto com os Estados Unidos, mas seria ingrato e injusto deixar de reconhecer sua extraordinária solidariedade em momentos difíceis e decisivos para nosso povo em sua histórica batalha pela independência e a revolução frente ao poderoso império dos Estados Unidos. Compreendo que a situação era sumamente tensa e ele não desejava perder um minuto, quando tomou a decisão de retirar os projéteis e os ianques se comprometeram, muito secretamente, a renunciar à invasão.
Apesar das décadas transcorridas que já somam meio século, a fruta cubana não caiu em mãos ianques.
As notícias que na atualidade chegam da Espanha, França, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Irã, Síria, Inglaterra, as Malvinas e outros numerosos pontos do planeta, são sérias, e todas auguram um desastre político e econômico pela insensatez dos Estados Unidos e seus aliados.
Limitar-me-ei a uns poucos temas. Devo assinalar segundo todos contam, que a escolha de um candidato republicano para aspirar à presidência desse globalizado e abrangente império, é por sua vez, — digo isso seriamente — a maior competição de idiotices e ignorância que jamais se escutou. Como tenho coisas a fazer, não posso dedicar tempo a esse assunto. De resto, sabia que seria assim.
São mais ilustrativas algumas informações que desejo analisar, porque mostram o incrível cinismo que a decadência do Ocidente gera. Uma delas, com pasmosa tranquilidade, fala de um preso político cubano que, segundo se afirma, morreu depois de greve de fome que durou 50 dias. Um jornalista do Granma, Juventud Rebelde, noticiário radiofônico ou qualquer outro órgão revolucionário, pode equivocar-se em qualquer apreciação sobre qualquer tema, mas jamais fabrica uma notícia ou inventa uma mentira.
Na nota do Granma se afirma que não houve tal greve de fome; era um recluso por delito comum, condenado a quatro anos por agressão, que provocou lesões no rosto de sua esposa; que a própria sogra solicitou a intervenção das autoridades; os familiares mais ligados estiveram a par de todos os procedimentos que foram empregados em seu atendimento médico e estavam agradecidos pelo esforço dos especialistas médicos que o atenderam. Foi assistido, afirma a nota, no melhor hospital da região oriental, como se faz com todos os cidadãos. Morreu por causa de falência múltipla de órgãos secundária, associada a um processo respiratório séptico severo.
O paciente tinha recebido todas as atenções que se aplicam em um país que possui um dos melhores serviços médicos do mundo, os quais são oferecidos gratuitamente, apesar do bloqueio imposto pelo imperialismo a nossa Pátria. É simplesmente um dever que se cumpre em um país onde a Revolução tem o orgulho de ter respeitado sempre, durante mais de 50 anos, os princípios que lhe deram sua invencível força.
Mas seria realmente bom que o governo espanhol, dadas as suas excelentes relações com Washington, viaje aos Estados Unidos e se informe do que ocorre nas prisões ianques, a conduta desapiedada que aplica aos milhões de presos, a política que se pratica com a cadeira elétrica e os horrores que se cometem com os detentos nas prisões e com os que protestam nas ruas.
Segunda-feira, 23 de janeiro, um duro editorial do Granma intitulado "As verdades de Cuba" em uma página inteira desse órgão, explicou detalhadamente a insólita falta de vergonha da campanha mentirosa desencadeada contra nossa Revolução por alguns governos "tradicionalmente comprometidos com a subversão contra Cuba".
Nosso povo conhece bem as normas que têm regido a conduta impecável de nossa Revolução, desde o primeiro combate, e jamais manchada ao longo de mais de meio século. Sabe também que não poderá ser jamais pressionada nem chantageada pelos inimigos. Nossas leis e normas serão cumpridas indefectivelmente.
É bom dizer com toda a clareza e franqueza. O governo espanhol e a União Europeia em ruínas, mergulhada em uma profunda crise econômica, devem saber a que se ater. Produz lástima ler em agências de notícias as declarações de ambas quando utilizam suas descaradas mentiras para atacar Cuba. Ocupem-se primeiro de salvar o euro se puderem, resolvam o desemprego crônico de que em número crescente padecem os jovens, e respondam aos indignados sobre os quais a polícia arremete e golpeia constantemente.
Não ignoramos que agora na Espanha governam os admiradores de Franco, que enviou membros da Divisão Azul junto às SS e as SA nazistas para matar soviéticos. Quase 50 mil deles participaram da cruenta agressão. Na operação mais cruel e dolorosa daquela guerra: o cerco de Leningrado, onde morreram um milhão de cidadãos russos, a Divisão Azul fazia parte das forças que trataram de estrangular a heróica cidade. O povo russo não perdoará nunca aquele horrendo crime.
A direita fascista de Aznar, Rajoy e outros servidores do império deve conhecer algo das 16 mil baixas que tiveram seus antecessores da Divisão Azul e as Cruzes de Ferro com as quais Hitler premiou os oficiais e soldados dessa divisão. Nada há de estranho no que faz hoje a polícia gestapo com os homens e mulheres que demandam direito ao trabalho e ao pão, no país com mais desemprego da Europa.
Por que mentem tão descaradamente os meios de informação de massa do império?
Os que manejam esses meios se empenham em enganar e embrutecer o mundo com suas grosseiras mentiras, pensando talvez que constitui o recurso principal para manter o sistema global de dominação e saque imposto e de modo particular as vítimas próximas à sede da metrópole, os quase seiscentos milhões de latino-americanos e caribenhos que vivem neste hemisfério.
A república irmã da Venezuela se converteu no objetivo fundamental dessa política. A razão é óbvia. Sem a Venezuela, o império teria imposto o Acordo de Livre Comércio a todos os povos do continente que nele habitam desde o sul dos Estados Unidos, onde se encontram as maiores reservas de terra, água doce e minérios do planeta, assim como grandes recursos energéticos que, administrados com espírito solidário para os demais povos do mundo, constituem recursos que não podem nem devem cair nas mãos das transnacionais que impõem um sistema suicida e infame.
Basta, por exemplo, olhar o mapa para compreender o criminoso despojo que significou para a Argentina arrebatar-lhe um pedaço de seu território no extremo sul do continente. Ali os britânicos empregaram seu decadente aparato militar para assassinar bisonhos recrutas argentinos, vestidos com roupas de verão quando já estavam em pleno inverno. Os Estados Unidos e seu aliado Augusto Pinochet deram à Inglaterra um desavergonhado apoio. Agora, na véspera das Olimpíadas de Londres, seu primeiro-ministro David Cameron também proclama, como fez Margaret Thatcher, seu direito a usar os submarinos nucleares para matar argentinos. O governo desse país desconhece que o mundo está mudando, e o desprezo de nosso hemisfério e da maioria dos povos aos opressores aumenta a cada dia.
O caso das Malvinas não é único. Alguém por acaso sabe como terminará o conflito no Afeganistão? Há poucos dias soldados norte-americanos ultrajavam os cadáveres de combatentes afegãos, assassinados pelos bombardeiros sem pilotos da Otan.
Há três dias, uma agência europeia publicou que "o presidente afegão Hamid Karzai, deu seu aval a uma negociação de paz com os talibãs, sublinhando que esta questão deve ser resolvida pelos cidadãos de seu país", logo acrescentando: "…o processo de paz e reconciliação pertence à nação afegã e nenhum país ou organização estrangeira pode tirar esse direito dos afegãos."
Por sua parte, uma informação publicada por nossa imprensa comunicava de Paris que "a França suspendeu hoje todas as suas operações de formação e ajuda ao combate no Afeganistão e ameaçou antecipar a retirada de suas tropas, logo que um soldado afegão matou quatro militares franceses no vale Taghab, na província de Kapisa [...] Sarkozy deu instruções ao ministro da Defesa, Gérard Longuet, para transladar-se imediatamente a Cabul, e vislumbrou a possibilidade de uma retirada antecipada do contingente."
Desaparecida a URSS e o bloco socialista, o governo dos Estados Unidos concebia que Cuba não podia sustentar-se. George W. Bush já tinha preparado um governo contrarrevolucionário para presidir nosso país. No mesmo ano em que Bush iniciou sua guerra criminosa contra o Iraque, solicitei às autoridades de nosso país o fim da tolerância que se aplicava aos chefetes contrarrevolucionários que naqueles dias demandavam histericamente a invasão de Cuba. Na realidade, sua atitude constituía um ato de traição à Pátria.
Bush e suas atitudes estúpidas imperaram durante oito anos e a Revolução Cubana perdurou já mais de meio século. A fruta madura não caiu no seio do império. Cuba não será uma força a mais com a qual o império se estenda sobre os povos da América. O sangue de José Martí não terá sido derramado em vão.
Amanhã publicarei outra Reflexão que complementa esta.
Fidel Castro Ruz
24 de janeiro de 2012
19h12.



Rapper Emicida apóia as famílias do Pinheirinho e fala um pouco sobre sua trajetória


Texto de apoio do rapper Emicida as famílias do Pinheirino.

FONTE

Lembro-me quando nos mudamos para o [bairro do] Cachoeira. Foram anos até conseguir ter um terreno para construir nossa casa. Detalhe: já havíamos passado por diversas situações de luta por um cantinho pra morar, lembro-me vagamente - na época ainda era um bebê - do que acabou por dar origem a bairros como a parte de cima da Ataliba, Filhos da Terra, o Pombal do Jaçanã, entre outros. Lembro dos acampamentos, das noites sob a lona preta, entre as cordas, sonhando que era ali que moraríamos, daquele dia em diante. Lembro de passeatas para Brasília, na qual minha mãe tinha que nos deixar sozinhos em casa e ir “pro front”, junto a nossos companheiros que também não tinham onde morar. A luta sempre foi uma constante para nós.

Mesmo após anos, mudando para o Cachoeira, com poucos meses na nova moradia, recebemos uma ordem de despejo, uma notificação, que dizia que em 15 dias todas as casas estariam no chão. Imagine-se recebendo uma carta da prefeitura após anos batalhando para construir sua casa, dizendo que eles estão chegando em 15 dias para a demolição? Desespero total, reuniões na recém-formada Associação de Moradores, enfim: sem informações ou meios a recorrer, abandonamos o local e fomos morar de favor na casa da família do meu padrasto. Minha mãe temia por nossas vidas, pois existia uma história de que na última desapropriação próxima das Furnas, muitos anos atrás, uma casa foi demolida com uma moradora ainda dentro que faleceu no desabamento. Coisa que ninguém duvidava devido ao fato de conhecermos a brutalidade dos braços da prefeitura/governo que se aproximam do povo.


Voltamos a morar no Cachoeira, todos os moradores voltaram, aos poucos, numa decisão unânime de lutar por seu lugar. Retornamos, vimos nossas casas demolidas, as refizemos com madeirite, ganhando a "cara" de favela. Água e luz irregulares, sem esgoto, e te falo: não acabou ali não. Foram inúmeras as vezes em que fizemos vigílias temendo que ateassem fogo ou roubassem nossos barracos, cordões humanos para que o mínimo de saneamento básico chegasse, pneus queimados parando a rodovia Fernão Dias contra a falta de segurança para os transeuntes que precisavam cruzá-la... Nada nunca foi noticiado, sofremos e lutamos em silêncio e, sempre, dali em diante passei a pensar em quantas famílias viviam as mesmas situações…

Hoje, vi a  fotografia dos moradores de uma região conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo, e resolvi falar sobre isto, pois a história é cíclica, e ocorre em muitos cantos do nosso Brasil sem noticiamento algum e com desdobramentos mais violentos - vide as histórias recentes da criança indígena queimada por madeireiros, da marinha desrespeitando os quilombolas, veja o caso da Favela do Moinho em SP, incendiada criminalmente às vésperas do Natal, o projeto Nova Luz que visa desapropriar a região do centro para inserir nela “mais vida”. Estes são apenas alguns dos casos de maior repercussão midiática. Se formos estudar a fundo, realmente entramos no balanço da reforma agrária do ano que se passou e nos deparamos com outros inúmeros casos tristes de povos ribeirinhos/quilombolas/tradicionais que perdem suas comunidades em nome da especulação imobiliária, obras da Copa e tantos outros mega-projetos que tem ocorrido por aqui.

Senti orgulho de ver nossos irmãos no front e tristeza pela situação em si, que ainda muito se repetirá por nosso país. Meu desejo com este texto e com estas palavras, é enviar-lhes força, pois partilhamos do mesmo sonho, um Brasil sem desigualdade social, onde não exista tanta terra na mão de tão pouca gente, um país onde os mais pobres não tenham que pagar com o que não tem, pelas ideias bilionárias de quem pouco se importa com quantas vidas serão destruídas pela construção dos alicerces de seus edifícios. E ainda chamam isto de progresso! Na verdade até é: o termo progresso possui uma conotação ambígua, o que nos resta é lutar para que o termo possa ser empregado mais vezes com um sentido positivo.

Esta semana, coincidentemente, recebi o email de um companheiro do MST que me enviou a letra de “Num É Só Ver”, dizendo como esta letra trabalhava o tema com perfeição. Sincronicidade é foda! Nossos corações estão ligados a um mesmo sonho, a uma mesma luta, é involuntário que nossas poesias sejam um espelho disto.

Muito amor e todo apoio ao povo do Pinheirinho.
A rua é nóiz.

Emicida

Num é só ver(Rael da Rima/ Emicida)
"Empresários perdem milhões
Pobres acham, devolvem
Barões matam nações
Que se refazem, se movem
Manipulam informações
Fodem!
Grandes populações
Que não se envolvem
Trancados em mansões
É, eles podem
Seguros das monções
Oh right, no problem
Epidemias, liquidações
Dormem pessoas simples nos barracões
Orem
Calam manifestações
Olhem
Por cifras, com vidas
Não estranhe que joguem
Atrás de notícias compradas
Se escondem
Sem dó tiram comida
De outro homem
Artistas fazem rir
Presidentes fazem chorar
Tiros são barulhentos
Mas não impedem de escutar
O canto dos que lutam pelo povo
Sempre vivo
Gente louca faz música
Gente séria, explosivo".

Proibidos de usar a marca ‘Rock Bola’ equipe vai estrear na MPB FM e público vai escolher novo nome




Em 2012, o programa esportivo mais bem humorado do dial carioca completa dez anos e para celebrar a data, o sexteto formado por Alexandre Araujo, Tavares, Waguinho, Lopes Maravilha, Toni Platão e BB Monstro muda de emissora e a partir da próxima segunda, dia 23, estreia na rádio MPB FM (90,3Mhz), de segunda a sexta, das 20h às 21h.
 
A equipe que criou e consagrou o programa não poderá mais usar o nome “Rock Bola” porque os direitos da marca pertence a Rádio do Verão (ex Oi FM) e esta não os liberou para que os apresentadores a usem na nova emissora. É importante ressaltar que o programa que está no ar na programação do dial 102,9 Mhz nada tem a ver com o programa produzido pela equipe de apresentadores.

Para ‘driblar’ este contra tempo, o novo nome da atração que continua deixando a informação em segundo lugar será escolhido através de uma enquete que já está sendo divulgada através das redes sociais oficiais tanto do programa quanto da rádio MPB FM.

O programa que mistura jornalismo esportivo e humor não perderá a identidade por causa da mudança de nome, pelo contrário, ganhará novo gás e muito mais interatividade. A partir de segunda, às 20h, sintonize 90,3 Mhz.