terça-feira, 6 de novembro de 2012

Marcelo Freixo: PSOL teve um ano vitorioso, nacionalmente


Para o deputado estadualo Marcelo Freixo, segundo colocado na corrida para a prefeitura do Rio de Janeiro, seu partido teve uma performance positiva nas eleições de 2012, não só localmente como nacionalmente, como uma importante tomada de espaços nos parlamentos municipais. “É um ano vitorioso para o PSOL. Para além de Macapá, que é uma capital que a gente conquista, o partido faz vereadores em cidades importantes, em algumas inesperadas, como Florianópolis e Salvador".



O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), segundo colocado na corrida para prefeitura do Rio de Janeiro com quase 30% dos votos enfrentando uma máquina de reeleição que contou com o apoio de 20 partidos, mais generosas participações da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha do prefeito Eduardo Paes (PMDB), vê a performance de seu partido nas eleições 2012, não só localmente como nacionalmente, como uma importante tomada de espaços nos parlamentos municipais.

“É um ano vitorioso para o PSOL. Para além de Macapá, que é uma capital que a gente conquista, o partido faz vereadores em cidades importantes, em algumas inesperadas, como Florianópolis e Salvador. Fizemos um em São Paulo, que é sempre difícil. Refizemos os dois de Porto Alegre. Conseguimos fazer dois em Natal, quatro em Belém, dois em Maceió, dois em Fortaleza, quatro no Rio de Janeiro, os três de Niterói. Então o PSOL ocupa posições que fazem diferença para os próximos anos”, diz ele.

Ciente ser um dos nomes mais conhecidos do partido no país, assim como o senador amapaense Randolfe Rodrigues e o ex-candidato à prefeitura de Belém Edmilson Rodrigues, “entre outros grandes nomes”, mas ressaltando ser difícil avaliar o quadro nacional para 2014, Freixo afirma que “a tendência é que o PSOL tenha candidato próprio para governador em todos os estados. É fundamental para o crescimento. Já cresceu um pouco, pode crescer mais”.

No âmbito da corrida presidencial a partir das eleições deste ano, Freixo também reconhece o novo protagonismo do PSB. “Talvez tenha sido o partido mais vitorioso, mas eu não acho que a vitória política seja aquela que você mede só nas urnas. Por exemplo, eu acho um erro o PT avaliar se o mensalão teve impacto ou não olhando o resultado eleitoral, como alguns petistas fazem. Acho que não é só o resultado eleitoral o medidor do sucesso de um partido”, afirma.

“O PSB não foi o partido que ganhou o maior número de cidades, mas ganhou cidades muito importantes e saiu muito fortalecido, muito credenciado para a disputa de 2014. Qual vai ser o caminho, se vai tentar a vice da reeleição da Dilma, substituindo o PMDB, ou se vai tentar voo próprio, isso ninguém sabe. Agora, que eles têm condições tanto de uma coisa quanto de outra, têm. Estão com capital político para isso”, avalia.

O cientista político Marcus Figueiredo, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), coloca que o quadro de alianças para 2014 vai depender muito mais da avaliação do eleitorado sobre o governo Dilma do que da atuação da oposição. Para ele, “se ela estiver bem avaliada, como está hoje, vai ser muito difícil se formar uma oposição. Ainda mais porque o PT ganhou São Paulo”.

Na visão de Figueiredo, dependendo dessa avaliação sobre o governo, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco Eduardo Campos jogará suas fichas. O cientista político acredita que Campos está se configurando como a ‘noiva’ de 2016. “Ou fica com o PT, ou vai para o Aécio. Aí atrapalha o PT porque o PSDB saiu forte no Nordeste, tem bastante votos, e vai ter Minas praticamente inteira, vai pegar os votos de São Paulo”.

Sobre um possível voo solo de Campos, Figueiredo é mais reticente. “Ele se candidatar é muito difícil, está cedo para ele. Ele pode até entrar por razões muito estratégicas de, não sei, ficar em terceiro, algo assim. É uma aposta muito estratégica. É entrar sabendo que não vai passar para o segundo turno, é para fazer investimento eleitoral futuro para ele”, diz ele.

Rio
Nos limites regionais, Freixo vislumbra novas realidades para o Rio de Janeiro a partir do saldo da campanha deste ano. “O resultado maior foi a participação muito forte da militância na rua. Principalmente no setor da juventude, que vinha amortecido, afastado do processo político, e retomou esse ânimo. Só para se ter uma ideia, na segunda-feira, dia 29, fizemos uma plenária de avaliação com os comitês que foram formados durante a campanha. E foram mais de 600 pessoas. Qual o candidato que depois da eleição, sem ter ganho, faz uma reunião com mais de 600 pessoas? Acho que nem os que ganharam fazem...”

Os planos do PSOL são manter tais comitês, para juntamente com os quatro vereadores eleitos pelo partido (Eliomar Coelho, Paulo Pinheiro, Renato Cinco e Jefferson Moura) fomentar a mudança na agenda da cidade. Freixo vê como obrigação do PSOL e dos eleitores “fazer com que essa campanha se transforme em uma oposição qualificada para debater profundamente a cidade, a concepção de cidade, fortalecendo os movimentos sociais, propondo e mostrando alternativas. Isso é bom para o Rio, que está passando por muitas transformações e é bom ter uma sociedade ativa”.

Avaliando as atuais mudanças na cidade, Carlos Eduardo Martins, professor e chefe do departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que “o Rio está se tornando uma das cidades mais caras do país. Você vê o preço dos aluguéis. Está se tornando uma metrópole altamente elitizada, altamente vinculada a setores de alto poder aquisitivo”.

Martins aponta espaços e dificuldades nesta virada de concepções e prioridades. “30% do eleitorado do Rio de Janeiro estão descontentes com essa atual forma de poder político. E esses 30% votaram no Marcelo Freixo, não é um eleitorado assim tão desprezível”, afirma ele.

Porém, o cientista político diz que o resultado das urnas mostra o PSOL como um partido ainda setorizado. “O PSOL permanece uma força política relacionada a setores de classe média, mas não ganha o espaço popular. Falta entrar no setor mais popular, nos trabalhadores”.

Para Martins, “o PSOL não tem conseguido entrar aí não por demérito. Não se trata de fazer uma avaliação depreciativa do PSOL por conta disso, mas porque na verdade a classe trabalhadora brasileira apostou suas fichas no Partido dos Trabalhadores, que tem conseguido entregar algum tipo de melhoria a essa camada, ainda que muito aquém ao que seu programa partidário postulava nos anos 80, mas tem conseguido entregar algumas melhoras. De fato há um setor popular que tem tido a sua preocupação com o dia a dia aliviada. Assim, o discurso do PSOL cai no vazio”.

Em busca de maior abrangência para o discurso do partido, Marcelo Freixo deve se candidatar à reeleição como deputado estadual em 2014, e novamente concorrer à prefeitura em 2016. “Acho que isso me mantém no Rio de Janeiro, e como candidato a deputado estadual posso contribuir para o aumento significativo da bancada na assembleia. E quatro ou cinco deputados do Psol em uma assembleia legislativa faz uma diferença brutal, ainda mais se somando aos quatro vereadores. Aí eu acho que a gente tem uma estrutura para disputar a cidade realmente”, diz o deputado.

“O quadro de 2016 só dá para pensar depois de 2014, mas evidente que o meu nome está naturalmente colocado para 2016, até mesmo que eu não queira (risos). Mas, não é o caso, eu quero, acho que é um debate que a gente pode contribuir muito”, completa Freixo.

Fator Lindbergh
Saindo do palácio Tiradentes, na praça XV, rumo ao bairro de Laranjeiras, Freixo avalia a disputa pelo palácio Guanabara como “um jogo de xadrez”. A pré-candidatura do senador petista Lindbergh Farias coloca em xeque o desejo do governador Sérgio Cabral de fazer de seu vice-governador Luiz Fernando Pezão, também pemedebista, seu sucessor natural e balança a aliança PMDB-PT, inclusive na prefeitura, onde o vereador petista Adilson Pires acaba de ser reeleito vice-prefeito na chapa de Eduardo Paes, do PMDB.

“O Lindbergh está com a candidatura dele colocada. E o Eduardo Paes não é candidato ao governo, até porque se ele fosse ele daria a prefeitura ao PT. Em plena Copa do Mundo e Olimpíada eu acho que ele não vai fazer”, diz Freixo. E completa, “O Lindbergh sabe que o momento dele é para ser candidato agora. O que eu entendo é que o PMDB vai tentar fazer com que o PT não permita a candidatura do Lindbergh. Aí acho que passa por acordos nacionais do PMDB com o PT, e não sei se o Lindbergh, não tendo o PT, tenta um vôo por outro partido”.

Marcus Figueiredo também tenta decifrar a movimentação de peças. “O Rio ficou embolado para 2014. O que o PT vai fazer? Outra intervenção é uma parada, porque o Rio sofreu com intervenções do PT e quase acabou regionalmente, agora é que está se recuperando com Lindbergh. Vai fazer de novo? Não é fácil”, avalia. Para o cientista político, incluída aí a disputa pela prefeitura em 2016, quando Paes não poderá se recandidatar, “a médio prazo é melhor negócio o PT continuar a aliança com o PMDB. Em 2016, o PT com a vice, pode em uma dobradinha virar candidato”.

Nesse cenário 2014/16, Freixo não descarta as alianças, “tem resolução (o partido) sobre isso”, mas vê altos e baixos. “Olha, aliança com o PT é sempre complicado, porque o Psol saiu do PT, mas depende de qual a linha que o PT vai adotar. A linha que o PT vem adotando hoje é difícil uma aliança. Com o PMDB nem pensar, isso não, mas com partidos da base, PSB, PDT, PV, isso é possível”, finaliza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário