sábado, 26 de novembro de 2011

Corrupção É Um Problema de... DIREITA


E tem gente que acredita que o problema da corrupção aumentou com o governo Lula/Dilma, a publicação da Folha, por mais incrível que parece, mostra que não. Os partidos de direita dominam a corrupção no país, demonstrando que os políticos brasileiros não são todos iguais.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral - TSE - o ranking da corrupção no Brasil foi o seguinte, medido pela quantidade de políticos cassados por corrupção desde 2000:
1º) DEM (69);
2º) PMDB (66);
3º) PSDB (58);
4º) PP (26)
5º) PTB (24);
6º) PDT (23);
7º) PR (17);
8º) PPS (14);
9º) PT (10);
10º) PV, PHS, PRONA, PRP (1).

Contradição Econômica ou Contradição Social?


Feito para você? Pra mim? Pra quem dorme à sua porta?
O cinismo e a perversidade do capital fica evidente nessa foto, e a publicidade quer nos passar a lição de que toda criança tem o direito de ler e escrever (isso foi roubado do refrão da música do Pelé). 
Mas e o direito de ter um teto?

Revolução na Islândia à Margem Esquerda da Europa

A Islândia nos mostra (apesar da nossa mídia esconder) que existe uma maneira muito viável e bem melhor que o resto da Europa para combater a crise econômica.

Fazendo a Revolução!

Em 2008, todos os bancos na ilha nórdica europeia quebraram abrindo um rombo enorme no setor financeiro do país, o Governo em vez de combater a crise com mais neoliberalismo, teve a "insensatez" de nacionalizar os principais bancos. Que loucura!

Protestos da Revolução Islandesa

Mas chega 2009 e o FMI não gostou desse negócio de nacionalização de bancos e pressiona a Islândia a pegar US$ 2 milhões emprestados, a população não gostou nada e foi às ruas, organizando um grande protesto em frente ao Parlamento Islandês. Consegue-se derrubar o Primeiro-Ministro conservador, o primeiro governo derrubado em decurso da crise, em março uma coalizão de esquerda ganha as eleições e assume o governo. Em maio foi feito um referendo sobre o pagamento da dívida adquirida com o FMI e outros países nórdicos, vitória arrasadoras do NÃO pagamento com 93%. Mais uma loucura! Mais essa não vai ficar impune, o FMI bloqueia todas as contas internacionais da Islândia.

Mediante a todo esse conflito econômico o novo Governo Islandês inicio uma investigação para responsabilizar os culpados pela crise, iniciando assim várias detenções de banqueiros e executivos e consegue-se um mandato de prisão ao um ex-presidente (do partido conservador).

Hoje a Islândia é um país em reestruturação, é uma pequena ilha, sim é bem pequena, mas já vimos outra ilha bem pequena no Caribe nos dando lições de como podemos viver sob outro paradigma. A União Europeia tentou cooptá-la, mas seu povo rejeitou a adesão ao bloco em outro referendo. Mais uma loucura democrática!

Bandeira da Islândia ao lado da de Che, nos protestos do Parlamento.
O economista e Prêmio Nobel Paul Krugman deu a sua opinião, na sua coluna no NYT, sobre o acontecido:

"Enquanto os demais resgataram os banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de proteção social. Enquanto os demais ficaram obcecados em tentar aplacar os investidores internacionais, a Islândia impôs controles aos movimentos de capital (...). A recuperação econômica da Islândia demonstra as vantagens de estar fora da zona do Euro."

Essas notícias não vemos nos noticiários. Parece que outra Revolução está a caminho no Egito e essa não tem a ver com a crise econômica, mas sim com a crise na estrutura social. Parece também que tanto na Islândia como no Egito o povo conseguiu adquirir algo fundamental, a CONSCIÊNCIA.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Derrota para o Sionismo (ou Nazi-judaísmo)


Uma reunião no Cairo ontem foi um tiro no peito das pretensões de Israel na tentativa de enfraquecer a Palestina. Na melhor tática de "dividir para dominar", o Governo Sionista mostrou seu sangue nos olhos com a união do Hamas com o Al Fatah, e ainda incluem a Jihad Islâmica ao movimento de unificação para organizar eleições e estruturar um Estado Palestino forte. A preocupação dos judeus não é apenas com a união das organizações, mas com a dos territórios de Gaza (dominado pelo Hamas) e Cisjordânia (pelo Fatah).
O Fatah tem um histórico de assimilação da dominação dos EUA e Israel, espera-se que dessa vez que não quebrem o acordo, justamente pela intransigência dos israelenses nas negociações, como não cederam mais nada e os assetamentos cresceram, o Fatah se viu como traído e voltou a tentar uma união com o Hamas. O Hamas e a Jihad Islâmica, tendem acertadamente para a radicalização, e prometem uma resistência pacífica ou até mesmo uma resistência militar caso uma agressão mais forte de Israel.
O ideal e o mínimo que se pode fazer é determinar as fronteiras estabelecidas pela ONU em 1948, que Israel com seu ímpeto imperialista, parecida com a "Marcha para o Oeste Norte-Americana", descumpriu e subalternizou os palestinos nos guetos.

É necessária a Resistência, independente da forma que seja!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Brecht diz que precisamos!









Precisamos De Você.

Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos - aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça.
Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.
Confere tudo ponto
por ponto - afinal
você faz parte de tudo,
também vai no barco,
"aí pagar o pato, vai
pegar no leme um dia.
Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por quê?
Você faz parte de tudo.
Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.
Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação.



Bertolt Brecht

Rio Sem Dengue? A Prefeitura Falhou!


A Cidade foi ocupada, mas não por aquele que lutam contra o capitalismo, mas de insetos que querem o seu sangue (também não falo dos patrões), o Aedes Egyptis invadiu o Rio mais rápido que a Polícia invadiu a Rocinha. A Prefeitura já sabia dessa invasão e ainda alertou a população para a maior epidemia que o Município poderia ter. Que eficácia no trabalho, não? Não, informar é o papel da mídia e prevenir catástrofes é o trabalho do Prefeito e do Secretário de Saúde. Mas um velho barbudo que muitos o entende louco de ideias ultrapassadas, disse o seguinte: "A História se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa". Bem, A tragédia já está anunciada e pronta pra acontecer; e a farsa? A farsa são as campanhas que sempre acontecem no verão, sempre no meio do acontecimento, nunca são preventivas.
Não existe campanha mais "fake" do que a tal Rio Sem Dengue, ou alguém já viu algum agente do governo municipal durante o ano fazendo algum trabalho preventivo?
Todos já sabem o que vai acontecer em fevereiro de 2012, né? O Prefeito e o Secretário dando entrevistas em todas as mídias botando a culpa no povo. Ou pensam que vai ser diferente? Porém 2012 é ano de eleição, se nos acusarem, em outubro podemos dar uma resposta muito boa aos acusadores.

Evangelho Segundo Saramago II


José Saramago*

Afirmam algumas autoridades em questões bíblicas que o Primeiro Livro de Samuel foi escrito ou na época de Salomão ou no período imediato, em qualquer caso antes do cativeiro da Babilônia. Outros estudiosos não menos competentes argumentam que não apenas o Primeiro, mas também o Segundo Livro de Samuel, foram redigidos depois do exílio da Babilônia, obedecendo a sua composição ao que é denominado por estrutura histórico-político-religiosa do esquema deuteronomista, isto é, sucessivamente, a aliança de Deus com o seu povo, a infidelidade do povo, o castigo de Deus, a súplica do povo, o perdão de Deus. Se a venerável escritura vem do tempo de Salomão, poderemos dizer que sobre ela passaram, até hoje, em números redondos, uns três mil anos. Se o trabalho dos redatores foi realizado após terem regressado os judeus do exílio, então haverá que descontar daquele número uns 500. 


Esta preocupação de rigor temporal tem como único propósito propor à compreensão do leitor a idéia de que a famosa lenda bíblica do combate (que não chegou a dar-se) entre o pequeno pastor Davi e o gigante filisteu Golias anda a ser mal contada às crianças pelo menos desde há 25 ou 30 séculos. Ao longo do tempo, as diversas partes interessadas no assunto elaboraram, com o assentimento acrítico de mais de cem gerações de crentes, tanto hebreus como cristãos, toda uma enganosa mistificação sobre a desigualdade de forças que separava dos bestiais quatro metros de altura de Golias a frágil compleição física do louro e delicado Davi.
Tal desigualdade, segundo todas as aparências enorme, era compensada, e logo revertida a favor do israelita, pelo fato de Davi ser um mocinho astucioso e Golias uma estúpida massa de carne, tão astucioso aquele que antes de ir enfrentar-se ao filisteu apanhou na margem de um regato que havia por ali perto cinco pedras lisas que meteu no alforje, tão estúpido o outro que não se apercebeu de que Davi vinha armado com uma pistola. Que não era uma pistola, protestarão indignados os amantes das soberanas verdades míticas, que era simplesmente uma funda, uma humílima funda de pastor, como já as haviam usado em imemoriais tempos os servos de Abraão que lhe conduziam e guardavam o gado. Sim, de fato não parecia uma pistola, não tinha cano, não tinha coronha, não tinha gatilho, não tinha cartuchos, o que tinha era duas cordas finas e resistentes atadas pelas pontas a um pequeno pedaço de couro flexível, no côncavo do qual a mão esperta de Davi colocaria a pedra que, à distância, foi lançada, veloz e poderosa como uma bala, contra a cabeça de Golias, e o derrubou, deixando-o à mercê do fio da sua própria espada, já empunhada pelo destro fundibulário.
Não foi por ser mais astucioso que o israelita conseguiu matar o filisteu e dar a vitória ao exército do Deus vivo e de Samuel, foi simplesmente porque levava consigo uma arma de longo alcance e a soube manejar. A verdade histórica, modesta e nada imaginativa, contenta-se com ensinar- nos que Golias não teve nem sequer a possibilidade de pôr as mãos em cima de Davi. 

A verdade mítica, emérita fabricante de fantasias, anda a embalar-nos há 30 séculos com o conto maravilhoso do triunfo de um pequeno pastor sobre a bestialidade de um guerreiro gigantesco a quem, afinal, de nada pôde servir o pesado bronze do capacete, da couraça, das perneiras e do escudo. 

Tanto quanto estamos autorizados a concluir do desenvolvimento deste edificante episódio, Davi, nas muitas batalhas que fizeram dele rei de Judá e de Jerusalém e estenderam o seu poder até a margem direita do Eufrates, não voltou a usar a funda e as pedras. 

Também não as usa agora.
Nestes últimos 50 anos cresceram a tal ponto as forças e o tamanho de Davi que entre ele e o sobranceiro Golias já não é possível reconhecer qualquer diferença, podendo até dizer-se, sem insultar a ofuscante claridade dos fatos, que se tornou num novo Golias. Davi, hoje, é Golias, mas um Golias que deixou de carregar pesadas e afinal inúteis armas de bronze. Aquele louro Davi de antanho sobrevoa de helicóptero as terras palestinas ocupadas e dispara mísseis contra alvos inermes; aquele delicado Davi de outrora tripula os mais poderosos tanques do mundo e esmaga e rebenta tudo quanto encontra na sua frente; aquele lírico Davi que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinos para depois negociar com o que deles restar. 


Em poucas palavras, é nisto que consiste, desde 1948, com ligeiras variantes meramente tácticas, a estratégia política israelita. Intoxicados mentalmente pela idéia messiânica de um Grande Israel que realize finalmente os sonhos expansionistas do sionismo mais radical; contaminados pela monstruosa e enraizada "certeza" de que neste catastrófico e absurdo mundo existe um povo eleito por Deus e que, portanto, estão automaticamente justificadas e autorizadas, em nome também dos horrores passados e dos medos de hoje, todas as ações próprias resultantes de um racismo obsessivo, psicológica e patologicamente exclusivista; educados e treinados na idéia de que quaisquer sofrimentos que tenham infligido, inflijam ou venham a infligir aos outros, e em particular aos palestinos, sempre ficarão abaixo dos que padeceram no Holocausto, os judeus arranham interminavelmente a sua própria ferida para que não deixe de sangrar, para torná-la incurável, e mostram-na ao mundo como se tratasse de uma bandeira. 


Israel fez suas as terríveis palavras de Jeová no Deuteronômio: "Minha é a vingança, e eu lhes darei o pago". Israel quer que nos sintamos culpados, todos nós, direta ou indiretamente, pelos horrores do Holocausto, Israel quer que renunciemos ao mais elementar juízo crítico e nos transformemos em dócil eco da sua vontade, Israel quer que reconheçamos de jure o que para eles já é um exercício de fato: a impunidade absoluta.
Do ponto de vista dos judeus, Israel não poderá nunca ser submetido a julgamento, uma vez que foi torturado e queimado em Auschwitz. Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados nos progrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos atos infames que os seus descendentes vêm cometendo. Pergunto-me se o fato de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros. 

As pedras de Davi mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano.
Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba. 
*Prêmio Nobel de Literatura

Lição de Educação com Gramsci

Homens ou Máquinas



Antonio Gramsci



A breve discussão ocorrida na última reunião entre os nossos companheiros e alguns representantes da maioria a propósito dos programas para o ensino profissional merece ser comentada, ainda que de forma breve e resumida. A observação do companheiro Zini (“A corrente humanística e a profissional ainda chocam-se no campo do ensino popular: ocorre tentar fundi-las, mas não se deve esquecer que antes do operário existe o homem, ao qual não deve ser retirada a possibilidade de movimento nos mais amplos horizontes do espírito para submetê-lo subitamente à máquina”) e os protestos do vereador Sincero contra a filosofia (a filosofia encontra especialmente adversários quando afirma verdades que ferem os interesses particulares) não são simples episódios polêmicos contingentes: são conflitos necessários entre quem representa princípios fundamentalmente diversos.
1. O nosso partido ainda não se pronunciou sobre um programa escolar concreto que se diferencie dos tradicionais. Contentamo-nos, até agora, em afirmar o princípio geral da cultura, seja elementar, profissional ou superior, e desenvolvemos este princípio, o difundido com vigor e energia. Podemos afirmar que a diminuição do analfabetismo na Itália não se deve tanto às leis sobre o ensino obrigatório quanto à vida espiritual, ao sentimento de certas determinações necessárias à vida interior, que a propaganda socialista soube suscitar nos estratos proletários do povo italiano. Mas não fomos mais do que isso. Na Itália, a escola continua a ser um organismo francamente burguês, no pior sentido da palavra. A escola média e superior, que é do Estado, isto é, paga com receitas gerais, e, portanto, também com os impostos diretos pagos pelo proletariado, não pode ser frequentada a não ser pelos jovens filhos da burguesia, que gozam de independência econômica necessária para a tranqüilidade dos estudos. Um proletário, ainda que inteligente, ainda que possua todos meios necessários para tornar-se homem de cultura, é constrangido a estragar suas qualidades em atividades diversas, ou a se transformar num obstinado, um autodidata, isto é (com as devidas exceções), um meio homem, um homem que não pode dar tudo o que poderia caso tivesse se completado e fortalecido na disciplina da escola. A cultura é um privilégio. A escola é um privilégio. E nós não queremos que seja assim. Todos os jovens deveriam ser iguais diante da cultura. O Estado não deve pagar, com o dinheiro de todos, também para os filhos medíocres e idiotas dos ricos, ao passo que exclui os filhos inteligentes e capazes dos proletários. A escola média e superior deve ser feita somente por aqueles sabem demonstrar que são dignos delas. Se é do interesse geral que ela exista e seja mantida e regulada pelo Estado, é também do interesse geral que possam ter acesso a ela todos os que são inteligentes, qualquer que seja sua potencialidade econômica. O sacrifício da coletividade somente é justificado quando é usado em benefício de quem o merece. O sacrifício da coletividade, por isso, deve servir especialmente para dar aos que merecem aquela independência econômica que é necessária para poder dedicar tranquilamente o próprio tempo ao estudo e poder estudar seriamente.
2. O proletariado, que está excluído das escolas de cultura média e superior por causa das atuais condições da sociedade, que determinam certa especialização nos homens – antinatural, já que não baseada na diferença de capacidades e, portanto, destruidora e prejudicial à produção – tem de ingressar nas escolas paralelas: técnicas e profissionais. Estas, instituídas com critérios democráticos pelo ministro Casati, sofreram, em face das necessidades antidemocráticas do balanço estatal, uma transformação que, em grande parte, as desnaturou. São, de agora em diante, em grande parte, uma repetição inútil das escolas clássicas, bem como um inocente desaguadouro para o empreguismo pequeno-burguês. As taxas de matrícula em contínua ascensão, assim como as possibilidades concretas que dão para a vida prática, fizeram também delas um privilégio e, de resto, o proletariado é excluído, automaticamente e em sua grande maioria, por causa da vida incerta e aleatória que o assalariado é obrigado a viver; vida que, seguramente, não é a mais propícia para seguir com proveito um curso de estudos.
3. O proletariado necessita de uma escola desinteressada. Uma escola que seja dada ao menino a possibilidade de formar-se, de tornar-se um homem, de adquirir aqueles critérios gerais que servem para o desenvolvimento do caráter. Em suma, uma escola humanista, como entendiam os antigos e, mais recentemente, os homens do Renascimento. Uma escola que não hipoteque o futuro do menino e constrinja sua vontade, sua inteligência, sua consciência em formação a mover-se num sentido cujo objetivo seja prefixado. Uma escola de liberdade e de livre iniciativa, não uma escola de escravidão e de orientação mecânica. Também os filhos dos proletários devem possuir diante de si todas as possibilidades, todos os campos livres para poder realizar sua própria individualidade da melhor forma e, por isso, do modo mais produtivo para eles e para a coletividade. A escola profissional não deve se transformar numa incubadora de pequenos monstros aridamente instruídos para um ofício, sem idéias gerais, sem alma, mas apenas com olho infalível e mão firme. Também através da cultura profissional é possível fazer brotar do menino um homem; desde que essa cultura seja educativa e não só informativa, ou não só prática e manual. O vereador Sincero, que é um industrial, é um burguês demasiadamente mesquinho quando protesta contra a filosofia.
É certo que, para os industriais mesquinhamente burgueses, pode ser mais útil ter operários-máquinas em vez de operários-homens. Mas os sacrifícios ao qual toda a coletividade se submete voluntariamente, a fim de melhorar a si mesma e fazer nascer do seu seio os melhores e mais perfeitos homens, que a elevem ainda mais, devem repercutir beneficamente sobre toda a coletividade e não só sobre uma categoria ou uma classe.

É um problema de direito e de força. E o proletariado deve estar alerta, para não sofrer um novo abuso, além dos tantos que já sofre.





Fonte: http://www.marxists.org/portugues/gramsci/1916/12/24.htm

Greve NBA (A Consciência de Classe no Basquete Norte-Americano)


Por mais incrível que pareça, vem de dentro dos EUA uma grande lição de consciência de classe. Os jogadores da NBA (National Basketball Association) estão desde junho, data em que tinha que assinar o Contrato COLETIVO de Trabalho para a temporada 2011/2012, em uma greve. Esse contrato é firmado por ano onde fica registrado o piso e o teto dos salários dos jogadores e o principal a porcentagem da Receita da venda de todos os produtos da Liga; das cotas de TV, passando pelos ingressos e indo até os produtos licenciados. Hoje a porcentagem maior dessa Receita é a dos jogadores (57%), nada mais justo para os artistas e trabalhadores do espetáculo esportivo que é o basquete da NBA. Esse ano os donos de equipes (ah, o patrão, sempre o patrão) querem reduzir a influência e os lucros dos jogadores e aumentar os seus, só que esbarrou num obstáculo, o Sindicato dos Jogadores que disse que somente aceita a redução para até 54%, mas os patrões querem ter a maioria de novo na receita e tentam baixar para 48% a cota dos jogadores.

Assim sendo, o Lockout (os americanos não gostam da palavra GREVE, isso lembra comunistas) já dura quase 5 meses e não tem data para seu fim sem um acordo, já que o Sindicato dos Jogadores não abre mão dos direitos adquirido durante muitos anos de negociação.
Enquanto isso, alguns jogadores vão fazendo jogos beneficentes pelas periferias do país, alguns estrangeiros voltaram para jogar em clubes de seus países (caso do Leandrinho no Flamengo) ou simplesmente outros foram jogar em outros centro de fortes ligas, como a Europa e China.

A conclusão que eu tenho é que Marx nunca esteve tão vivo nos Estados Unidos, quem poderia imaginar que jogadores milionários de uma mais rentáveis marca esportivas iam ter CONSCIÊNCIA DE CLASSE e não iriam ceder as pressões patronais e que só voltam a jogar sob um contrato que lhes favoreçam a maior fatia da receita esportiva. E quem poderia imaginar ainda os jogadores/trabalhadores iriam ter a maior parte no MEIO DE PRODUÇÃO.

É, as lições vem de onde menos se esperam. Assim como as mudanças.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Povo do Egito na Vanguarda Mundial

Praça Tahir hoje mais cedo


O povo egípcio nos mostra que não quer somente derrubar um Governo, que quer uma outra lógica.
Nos deixa bem claro que essa "Democracia Absolutista", intocável, inquestionável; já não nos serve mais. O povo necessita de poder político, poder de decisão no seu rumo e não precisa que isso seja determinado por uma burguesia e/ou por pressões externas.

Ações afirmativas e políticas públicas de inclusão social

Ações afirmativas e políticas públicas de inclusão social




Por: JOÃO DO NASCIMENTO

Karl Marx, historiador alemão (1818 – 1883), um dos teóricos do socialismo científico, afirmou durante sua vida “a sociedade capitalista é antes de tudo uma sociedade de classes” e a “história do homem é a própria luta de classes”. Sendo assim, o conflito social interclasses gera a apropria dos bens e oportunidades sociais por alguns segmentos; é a partir da análise do pensamento de Marx dos propósitos capitalistas que vigoram no Brasil a mais de 400 anos que se insere a exploração do povo afro-descendente como mera ferramenta de utilidade material, força de trabalho e bem comercializável; sem o devido reconhecimento do desmantelamento de centenas de milhares de etnias que compunham o território o continente africano e que dispersaram por todo o mundo ocidental na constituição do capitalismo em suas múltiplas contradições sociais.
Para tentar superar as mazelas sociais e promover a inclusão e a justiça, a partir dos anos 1990, o Brasil tem sido alvo em potencial dos programas de ações afirmativas que visam reconhecer e corrigir situações de direitos negados socialmente ao longo da história.
As ações afirmativas vêm sofrendo críticas por uma pequena parcela da sociedade brasileira (a elite), que ha muito tempo vem acumulando riquezas e oportunidades. O que o negro e os outros segmentos excluídos da participação e usufruto dos bens, riquezas e oportunidades, querem, é o direito à cidadania, a cultura, educação, trabalho digno e participação das políticas públicas de caráter social. Os programas de ações afirmativas são na verdade políticas de correção de desigualdades sociais e formas de efetivação de direitos. Portanto, defender as ações afirmativas é de fato se posicionar contra o mito da democracia racial e a exclusão social existente no Brasil.
É preciso agir a partir da raiz do problema para erradicar a situação de exclusão social. O programa de cotas para negros e afrodescendentes é uma das ações afirmativas de caráter radical, pois mexe com privilégios estabelecidos por determinados segmentos da sociedade brasileira.
"Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias, tomadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidade e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros". (Ministério da Justiça, 1996, GTI População Negra).
As políticas afirmativas visam reconhecer as diversidades entre a população negra e não-negra, no sentido de direcionar os esforços para minimizar e gradativamente diminuir as distâncias socioeconômicas que permeiam a vida social brasileira.
É necessário neste contexto, o entendimento de conceitos que podem contribuir para o êxito das ações afirmativas e a inclusão social. As ações afirmativas são formas de políticas públicas que objetivam transcender as ações do Estado na promoção do bem-estar e da cidadania para garantir igualdade de oportunidades e tratamento entre as pessoas e a mobilização dos setores culturais com intenção de ampliar as ações de inclusão social.
Diferenciar inclusão social de exclusividade e privilégios sociais. A inclusão social é busca da afirmação de direitos que há muito tempo vem sendo negados; enquanto exclusividade é marca registrada de um grupo ou segmento social que tem amplo acesso aos bens, riquezas e oportunidades produzidas em termos sociais visto que uma ou outra parcela muito grande da população tem restrições ou são barradas por completo da participação sócio-cultural e o exercício da dignidade e da cidadania. É isso que caracteriza a exclusividade.
Diante de tudo que foi dito podemos notar que a população afro-brasileira, esta com a auto-estima defasada, devido à longevidade da exploração e da marginalidade social desde os tempos da administração colonial portuguesa no Brasil.
As relações sociais no período colonial limitavam ao branco de valores europeus, todo o privilégio, direito e mordomias político-sociais em detrimento ou prejuízo do negro e o índio que eram vistos como feras a ser domadas pela religião e enfraquecidos pelo trabalho exaustivo já que eram também res vocale (coisa que fala) e a escravidão era a justificativa para a salvação dessas etnias. Ao contrário do índio, o negro era mais odiado e perseguido pelo sistema colonial, pois o africano foi trazido para o Brasil exclusivamente para o trabalho escravo e a desagregação de sua existência enquanto ser humano. Para a afirmação e manutenção do regime escravista foi criada uma política de desumanização de todas as maneiras o negro, empreendia ações que o qualificava de ser movente, igualando-o a animais para evitar dessa forma a criação de um vínculo de convívio familiar, desarticulando suas crenças como pagãs, desqualificando seus bens simbólicos e outras formas de manifestações culturais fundamentais a identificação e a constituição como humanos.
No processo de marginalização do negro, talvez o aspecto mais importante seja a tentativa de retirar dele o direito ao saber para fragilizar e dominar sua sociabilidade contemporânea, que se expressa na relação saber e fazer, mas a preocupação não é o saber pelo simples fato que este traduz a discussão crítica, a independência do pensar e a conspiração da ordem; então a preocupação é com o fazer cotidiano das relações de trabalho desqualificadas, ou seja, o fazer o que não precisa pensar (trabalho mecânico e repetitivo), o fazer trabalho pesado e de menor prestigio social assim, o interessante para aqueles que não querem justiça social para o negro e outros excluídos; é o fazer do trabalho uma relação constante de dominação e sonegação de direito e oportunidades.
Nesse contexto, as ações afirmativas surgem para tratar com igualdade pessoas diferentes, pois, o regime escravista proporcionou uma visão negativa do negro, desqualificando-o enquanto pessoa e diante disso, conseqüentemente não necessitaria de educação e direitos tendo em vista a utilidade e a coisificação criadas em torno dele. Dessa forma, o afrodescendente não se torna ator social e sujeito da história; restando-lhe a mera condição de objeto da história.
Portanto, se faz necessárias discussões em torno da problemática do racismo às “avessas” e do acesso à educação através de vias de mobilização nacional em favor das reformas e do fortalecimento da democracia e conseqüentemente da cidadania.
É de fundamental importância que se compreenda que os programas de ações afirmativas não como mecanismo fim e sim, como políticas públicas ou privadas que servem de meios direcionados na redução das desigualdades sociais.
                                                                                            
* João do Nascimento é Historiador formado pela Faculdade de Ciências Humanas de Sete Lagoas, Pós-graduado em Docência do Ensino Superior, Pós-graduado em História da Ciência pela UFMG e Pós-graduado em História e Cultura Mineira pela Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo/MG.
E-mail: jniver@bol.com.br

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Questionamentos sobre a "Operação Rocinha" (Prisão do Nem)

Recebi por e-mail uns questionamentos sobre a prisão do Nem da Rocinha que merecem ser publicados e duvulgados:

Os três advogados PRESOS juntos com o traficante Nem são: André Luiz Soares Cruz (disse ser cônsul honorário do Congo),  Demóstenes Armando Dantas Cruz (disse ser funcionário do consulado, porém, além de advogado do traficante "Nem da Rocinha", ele é também Diretor do Conpej - Conselho Nacional de Perítos Judiciais) e Luiz Carlos Cavalcante Azenha. 

Os advogados André Luiz Soares Cruz e  Demóstenes Armando Dantas Cruz  são  muito próximo do Dr. Jovenal da Silva Alcântara Assessor Especial do Governador Sérgio Cabral. Os dois advogados são muito influentes e poderosos. 

O CONPEJ realizou no dia 18 de maio a sua já tradicional cerimônia de entrega dos certificados aos alunos que concluíram os cursos Periciais nos últimos meses, tanto na modalidade "Presencial" como EaD, com a presença de diversas autoridades e personalidades do executivo e do judiciário, tendo como homenageado especial o Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de janeiro Exmo. Dr. Reinaldo Pinto Alberto Filho que recebeu a Moção da Ordem do Mérito Pericial pelos relevantes serviços prestados na defesa da atividade pericial e do aprimoramento profissional dos peritos, através de seu brilhante livro" da Perícia ao Perito". 
Estiveram também presentes a mesa como convidados especiais: o Dr. Jovenal da Silva Alcântara Assessor Especial do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Cláudio JorgeDiretor da Fazenda PublicaDr. Marcos de Oliveira Siliprandi Diretor de Identificação Civil do DetranDr. Roberto BarbosaDelegado de Policia Federal, Dr. Julio César Valente Trancoso Presidente do Clube de Assistência aos Servidores Públicos, Dr. Demonstenes Cruz Advogado e Diretor do Conpej, e Dr. André Luiz Soares Cruz Advogado. 

Fotos da cerimônia de entrega dos certificados: 
Na primeira seta (esquerda) vermelha o advogado Dr. Demóstenes Cruz, e na segunda seta (direita) o Dr. André Luiz Soares o "cônsul".


Um delegado da Polícia Civil "aparece do nada" quando o traficante Nem da Favela da Rocinha ia ser preso, e tenta ficar com a ocorrência, e tirar o carro sem que o porta-malas fosse aberto, o que só não conseguiu por que PM honestos furaram o pneu do veículo, e a Polícia Federal chegou a tempo.
Esse tal "delegado" foi chamado pelos Doutores do "crime", os advogados que davam fuga ao bandido Nem, e já tinham tentado subornar os PM com um milhão de reais.
O tal "delegado" é investigado, e a "cúpula" da Polícia Civil diz que não houve nada de errado, já que a "verdade" era que o traficante Nem estaria negociando a sua rendição.
Mas para ficar mais confuso, o traficante Nem ia fingir que estava sendo preso, quando na verdade estaria se entregando para evitar supostas retaliações, isso tudo é alegado pela "cúpula" da Polícia Civil, conforme a matéria publicada em vários jornais do Rio de Janeiro.
Essa "rendição" do Nem era tão secreta, mas tão secreta, que ninguém sabia, nem a Polícia Militar e nem a Polícia Federal.
Aliás, era tão secreta, mas tão secreta, que nem o próprio Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame sabia.
Mas Beltrame depois de alertado pela "cúpula" da Polícia Civil mudou de idéia, e passou a dizer que sabia, e aí?
Só um detalhe, o traficante Nem disse várias vezes a Polícia Federal que NUNCA negociou a sua rendição, e que estava fugindo para São Paulo.


Algo de podre no ar....

O que há escondido por trás da prisão do traficante Nem? Quem são as pessoas, os verdadeiros "tubarões", que protegiam o bandido?

Como um pessoa, no caso o advogado, Dr. André Luiz Soares Cruz, se passa por Cônsul, comete crime de corrupção ativa (pena de 2 a 12 anos de cadeia) tentando subornar policiais militares com até R$ 1 milhão para ajudar um traficante a fugir, isso sem considerar a possibilidade do crime de associação ao tráfico. e não fica preso?
 
Quem realmente é esse advogado, Dr. André Luiz Soares Cruz, e quem são seus amigos?

Muito estranho essa "historinha" da "cúpula" da Polícia Civil para tentar justificar a presença desse tal "delegado", eu particularmente prefiro acreditar em duendes, fadas, e coelhinho da páscoa. 

Fica a dúvida no ar, o que há por trás da prisão do Nem?

Existem fatos que ainda não foram esclarecidos, por exemplo, essa historinha desse "delegado".

O traficante Nem revelou a Polícia Federal que "policiais" receberiam propina de R$ 500 mil reais por mês. Quem são esse policiais? E se são policiais mesmo!?!?

A verdade é: "O Nem hoje é um arquivo vivo, e corre sério risco de ser "suicidado", além do que tem muita, mas muita gente mesmo sem dormir no Rio desde que o bandido foi preso." 

Que a POLÍCIA FEDERAL cuide da vida do Nem para que ele derrube a república dos bandidos engravatados do Rio.

Software Livre


Queremos sempre a Liberdade, exigimos a vida mais livre, desejamos o direito de ir e vir na Cidade, no Mundo; mas não pensamos nisso no campo da Informática. Desde o início da febre dos computadores, convivemos incessantemente, e até estressantemente, com a opressão (tem gente que até acha que é bom) do oligopólio da tríade Microsoft, Apple e Google. 
Não pensamos em nenhum momento nas opções que podemos achar, apenas usamos o que o mercado nos impõe. Para cada software criado e doutrinado que esse oligopólio nos obriga a usar existe pelo menos um na versão LIVRE. Mas pelo costume, as pessoas que utilizam; acham que os programas que os gigantes criam são melhores, vide o caso da preferência pelo Microsoft Office em comparação ao BrOffice (mais dinâmico, livre e totalmente brasileiro).
A definição de software livre não é complexa, muitos até a confundem com programas grátis (freeware), que também é interessante, mas para ser um programa livre tem que dar o direito aos usuários a executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software.
Lógico que não podemos nos livrar de uma vez dos programas opressores numa ruptura automática, mas podemos aos poucos nos adaptar aos outros programas livres, até porque não é difícil, o que existe é o preconceito criado pelo mercado em cima desses softwares. Por que ninguém sente dificuldade quando troca o Windows para o OS X da Apple quando compram um Mac? Sendo que o Linux é muito mais leve e funcional dos sistemas operacionais. Podemos usar o Firefox tranquilo e até com mais benefícios ao invés do Internet Explorer.
Temos sempre a opção no mercado, essa é a regra do Capital, porém os softwares livres fogem a essa regra e se tornam a melhor opção, até por que não gera custo. Todos falam em acabar com a pirataria, com o software livre não existe pirataria, copiar e distribuir faz parte da sua essência.
Firefox, Linux e OpenOffice (BrOffice) são Livres

Para saber mais:


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Revolta da Cerveja na Bavária por Friedrich Engels

A cerveja bávara é a mais célebre de todos os tipos de bebidas feitas na Alemanha e, claro, os bávaros são fãs de seu consumo em altas quantidades. O governo decretou um novo imposto de mais ou menos 100s. ad valorem sob a cerveja e, em consequência disso, uma revolta ocorreu, durando mais de quatro dias. Os trabalhadores unidos em massa saíram de passeata pelas ruas, assaltando os bares, quebrando janelas, danificando a mobília e destruindo tudo a seu alcance, tudo para se vingar do aumento de preço de sua bebida favorita. O exército foi chamado, mas um regimento da guarda montada, quando convocada ao embate,recusou. A polícia, sendo considerada, em todos os lugares, mal-vista pelo povo, foi severamente agredida e mal-tratada pelos revoltosos; e cada estação ocupada antes por policiais, teve que ser ocupada por soldados que, ao estarem em melhores termos com o povo, eram considerados menos hostis e mostraram uma relutância evidente em interferir. Eles só interferiram quando o palácio do Rei foi atacado e, então, eles meramente se colocaram em posição suficiente para deter os revoltosos. Na segunda noite (dois de maio), o Rei, que teve um casamento em sua família e por isso tinha vários ilustres visitantes em sua corte, visitou o teatro; mas quando, após o primeiro ato, uma multidão reunida na porta do teatro ameaçou atacá-lo, todos saíram da casa para ver o que ocorria e Sua Majestade, com seus ilustres visitantes, foi obrigado a segui-los, senão seria deixado sozinho em seu assento. Os jornais franceses declaram que o Rei nessa ocasião ordenou que os militares que estavam na frente do teatro atirassem nas pessoas e, por sua vez, os soldados recusaram. Os jornais alemães não mencionaram isso, como era esperado em publicações sob censura; mas como os jornais franceses são, algumas vezes, mal informados sobre os assuntos estrangeiros, nós não podemos confirmar a veracidade de suas declarações. Diante disso, no entanto, parece que o Rei Poeta (Ludwig, Rei da Bavária, é o autor de três volumes de poemas impossíveis de ler, de um guia turístico sobre um de seus prédios públicos,(1) etc., etc.) esteve em uma posição muito embaraçosa durante essas revoltas. Em Munique, uma cidade cheia de soldados e policiais, a sede da corte real, a revolta durou quatro dias, mesmo com todo o aparato militar, e, no final, os revoltosos forçaram sua demanda. O Rei restaurou a tranquilidade por uma ordem que reduzia o quarto de cerveja de dez kreutzers (3 1/4 d) para nove kreutzers (3d). Se o povo agora sabe que eles podem amedrontar o governo nos assuntos fiscais, eles logo aprenderão que será fácil amedrontá-los em assuntos mais sérios.

Notas:
(1) Nota 228 do volume 3 do MECW: Um dos prédios públicos de Ludwig da Bavária foi construído em 1841 próximo à casa de heróis mitológicos alemães. O palácio continha uma coleção de Regensburg, nomeada “Walhalla” por ele em homenagem às lendárias esculturas póstumas de homens famosos na Alemanha. O Rei escreveu um guia sobre ela: Walhalla’s Genossen, gesehildert durch König Ludwig den Ersten von Bayern, dem Gründer Walhall’s (Munique, 1842). Poemas escritos por Ludwig da Bavária são exemplos de poesia pretenciosa e sem sentido; eles foram publicados em 1842.


Fonte: http://www.marxists.org/portugues/marx/1844/05/25-1.htm